
A Cilada Invisível: Como a Cegueira da Atenção Sabota Seus Relacionamentos
Há alguns dias venho falando sobre esse assunto motivada por um post de minha nora que é fotógrafa nos EUA e me veio logo à mente o exemplo clássico de um famoso experimento de Simons e Chabris (1999), no qual participantes contavam passes de bola entre jogadores e não perceberam um gorila atravessando a cena.
Esse é um exemplo que ilustra um fenômeno estudado pela psicologia e pelas neurociências chamado Cegueira da Atenção (Inattentional Blindness).
Trata-se da incapacidade de perceber algo claramente visível porque estamos com a atenção voltada para outra coisa. Na vida cotidiana, ela nos faz ignorar sinais emocionais de quem está ao nosso lado, detalhes de processos que conduzimos, oportunidades ou ameaças claras, porque estamos cegos pela nossa própria atenção seletiva.
E por que caímos nessa cilada?
O nosso cérebro possui capacidade de processamento limitada e prioriza informações que considera relevantes, filtrando o resto. Esse mecanismo é vital para a sobrevivência, mas pode se tornar uma armadilha quando operamos no piloto automático, na pressa e na sobrecarga mental.
Além disso, vários fatores contribuem como a pressa do dia a dia, o estresse, a falta do autocuidado, o foco excessivo em problemas ou metas rígidas que ainda gera mais ansiedade, entre outros que distraem a nossa percepção da realidade.
Esses impactos na nossa vida pessoal, faz com que deixemos de perceber que precisamos de atenção e ajuda, que ignoramos os sinais quando o corpo fala e não compreendemos os padrões emocionais que sabotam nossas relações.
É indispensável cultivar a presença consciente e revisar as nossas percepções.
E quando a Cegueira da Atenção atinge o relacionamento?
Quando você não percebe o cansaço do outro porque está focado nas suas demandas (medos, cobranças, celular, trabalho), quando não percebe os sinais de afastamento emocional, quando não vê gestos de carinho porque está esperando palavras específicas de validação, quando não escuta de forma ativa e empática o que o outro realmente quer dizer porque está apenas esperando para rebater ou se defender.
Todos nós corremos todos os dias (vale outro artigo) para alcançar alguma coisa (se é que sabemos o que queremos) e acabamos ligando o piloto automático na escuta e na fala sem perceber que deixou faz tempo de olhar nos olhos e de estar presente.
Ficamos tão centrados no que falta em nós ou no que desejamos receber que não vemos o que o outro está oferecendo de forma diferente.
Preocupações com a carreira, com as finanças, com os filhos, com a saúde acabam drenando nossa energia.
Fora as expectativas que nos causam frustrações e deixamos o afeto esquecido e tememos de conversar o que precisa ser resolvido e ajustado.
Você pode começar a repensar fazendo uma autorreflexão e respondendo verdadeiramente como se sente e que necessidades precisam ser atendidas.
Veja se este roteiro faz sentido para você:
- Há equilíbrio entre o dar e o receber no meu relacionamento?
- Eu tenho escutado ou apenas ouvido?
- O que o outro precisa de mim hoje, que eu não estou percebendo?
- O outro percebe o que eu preciso? Eu expressei isso?
- Quais gestos de amor o outro faz e que eu não tenho reconhecido?
- Quais gestos de amor eu faço que o outro não percebe?
- Será que estou esperando uma forma de amor que o outro não sabe ou não consegue oferecer agora?
- Eu tenho dito e demonstrado o que sinto, ou espero que o outro adivinhe?
- Quais conversas importantes estou evitando por medo de perder o outro ou criar conflito?
- O que estou deixando de perceber agora?
- Quais sinais o meu corpo ou minhas emoções estão enviando que eu tenho ignorado?
- O que não estou vendo sobre esta pessoa ou situação?
Claro que elas não se esgotam aqui, é só um primeiro ensaio.
Outras práticas indispensáveis e que colaboram, em muito, como: o Mindfulness, os exercícios de respiração, o diálogo aberto, o autoconhecimento, a autorreflexão, a escuta de qualidade, a autoestima.
Comece com o simples, respire, faça pausas conscientes, converse olhando nos olhos, se liberte do julgamento, check o que você ouviu se foi o que o outro falou, valorize os pequenos gestos, observe sem colocar adjetivos, pergunte sobre a pessoa e faça que esse movimento seja de mão dupla, crie momentos de vocês, que seja 15 minutos, 1 vez por semana, mas comece.
E não tenha medo de falar como se sente, ser vulnerável é libertador.
A Cegueira da Atenção te distrai da relação amorosa, da sua presença e do seu projeto de futuro.
Apenas observe o outro quando falar, esteja realmente naquele lugar, perceba as mensagens subliminares, como o tom de voz, os gestos, pergunte, escute.
E você, já sabe dizer se está repetindo padrões?
O que você escolheria fazer diferente hoje se realmente visse quem está ao seu lado?
Gostou do artigo?
Quer saber mais sobre quais sinais do seu relacionamento você pode estar ignorando por estar no piloto automático? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.
Até lá!
Márcia Rosa
https://www.marciarosaconsultoria.com.br
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