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A bola de vidro, o picles e o escafandro

O que o comportamento tem a ver com a bola de vidro, o picles e o escafandro? Descubra como a cultura organizacional influencia o comportamento dos colaboradores e a performance da empresa.

A bola de vidro, o picles e o escafandro: Como a Cultura Organizacional influencia o Comportamento? O que fazer?

A bola de vidro, o picles e o escafandro
Como a Cultura Organizacional influencia o Comportamento? O que fazer?

Olá!

Que organizações, sejam elas empresas, famílias, escolas ou clubes possuem seus valores, isso não é novidade para ninguém. Aliás, algumas destas organizações até alardeiam seus valores como uma forma de identidade e representatividade. Uma forma de dizer, “ei, veja como somos melhores que outros”.

Contudo, a aceitação e a concordância com estes valores provoca um ciclo retroalimentado de comportamento, aceitação e feedback. Ou seja, quanto mais as pessoas se comportam de acordo com o status quo, melhores são os feedbacks e, portanto, mas vezes as pessoas se comportam do mesmo jeito.

Esta repetição espontânea de comportamentos por um determinado grupo de pessoas, recebe o nome de cultura organizacional.

Sim, querido leitor. A cultura organizacional é muito mais uma consequência que uma causa. Quando uma organização se forma, o foco de seus fundadores é o crescimento e a continuidade do objetivo fim e não a formação de uma cultura.

Todavia, mesmo que não se perceba, a tal da cultura organizacional começa a fermentar e a produzir efeitos em todos os membros. Por isso e talvez através de observações, o pensador Guy Kawasaki a muitos e muitos anos elaborou um conceito que ele mesmo denominou como a síndrome do picles.

Quando temos um pote de picles, daqueles grandes com todo o tipo de vegetais dentro, consumimos os vegetais e a salmoura – ou seja lá como se chama aquela aguinha – se mantém interagindo com os demais vegetais em um ciclo fechado.

Caso coloquemos outro vegetal, como por exemplo, um talo de cenoura neste pote, em poucos dias ele vira picles, como os demais e assim o ciclo se perpetua. O novo vegetal não altera a salmoura, mas esta sim, impregna o coitado e ele se transforma.

Saindo do mundo culinário e retomando o conceito organizacional, estas são como imensos potes de picles. E não se engane. Empresas e famílias se comportam do mesmo jeito. Quando uma organização se estabelece e sua salmoura cultural fermenta, qualquer nova pessoa, vegetal ou não, ao sr inserida neste ambiente passará em pouco tempo a se comportar como os demais picles já existentes e; a vida segue.

Curiosamente, quando um vegetal deixa o pote – demissão ou transferência – ele leva consigo o gosto e a salinidade do ambiente e precisará passar por um período de desintoxicação até receber a nova cultura de outro ambiente.

Tudo bem, tudo bom até que dois fatores começaram a alterar o mundo corporativo e das organizações entre pessoas: Teletrabalho e terceirização.

Neste novo modelo de trabalho um novo tele picles a submissão do indivíduo ao ambiente é significativamente menor e para que o sabor (cultura) seja mantido, algumas organizações acabam por aumentar as doses tornando o ambiente tóxico.

Já no ambiente da terceirização – incluindo consultores e afins – a “cultura” é um conceito vago pois a pessoa atua em uma organização e está ligada à outra.

Como manter a sanidade mental nesta hora?

Aqui entra o conceito da bola de vidro. A cultura do cliente deve ser levada em consideração e entendida como uma variável de ambiente, mas não pode ser absorvida pelo elemento novo.

Este precisa estar consciente de sua participação efêmera. Criar para si uma bola de vidro comportamental que o proteja do ambiente. E, ao mesmo tempo, proteja o ambiente de suas influências e contaminações culturais.

Mesmo aqui, nas empresas que trabalho, temos os melhores consultores em modelagem comportamental e, nem sempre estes conseguem ficar inertes no ambiente cliente causando, vez por outra, algum nível de contaminação.

Anos atrás, no auge da pandemia um de nossos profissionais, acostumado com um modelo de gestão aberto, participativo e focado em meritocracia, teve dificuldade de entrosamento em uma empresa do ramo de álcool e açúcar justamente no aspectos de entendimento da cultura local.

Alguns fatores e comportamentos – que não valem as linhas que escrevo – eram considerados normais e aceitos, todavia, conflitantes com a forma de ver de nosso profissional. Uma equação difícil de manter.

Assim, para criar a tal bola de vidro é preciso pensar como uma mergulhador.

Melhor dizendo um daqueles que usam capacete e roupa hermeticamente fechada, um escafandrista. A roupa não o define. Ela simplesmente é um instrumento necessário ao trabalho.

O ambiente exterior é o que é. Não cabendo ao mergulhador alterar o ambiente, mas sim, realizar seu trabalho neste ambiente, sem contaminá-lo e sem se contaminar. Por fim, dentro da roupa existe uma pessoa completa.

Com seus valores, suas crenças e sua identidade. Fatos que não estão em julgamento e, portanto, sempre serão preservados. Todavia, a roupa – seus comportamentos – que existe para realizar determinada função, esta sim, poderá e deverá ser, de fato, avaliada, medida, questionada, valorizada ou criticada. Sempre de acordo com sua capacidade de fazer aquilo que se espera dela.

Para finalizar, nossos comportamentos nos representam, como uma roupa, mas não nos definem. Portanto, podem ser usados para nos proteger e ainda proteger o ambiente de nossa influência.

Pense nisso!

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Quer conversar mais sobre a influência da cultura organizacional no comportamento? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Edson Carli
https://inteligenciacomportamental.com

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Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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