
A Aposta Mais Perigosa: Como os Jogos Online Estão Destruindo o Futuro da Juventude Brasileira
Vivemos um tempo em que o dinheiro, mais do que nunca, se tornou um símbolo de validação social, sucesso e felicidade. E é justamente essa ilusão que tem arrastado milhões de jovens para um abismo silencioso, mas devastador: o vício em apostas online.
As chamadas “bets”, antes restritas a nichos específicos, hoje ocupam espaço nas camisas dos times, nas falas de influenciadores digitais e nos intervalos da televisão. O problema é que, junto com a popularização, veio uma promessa perigosa: a de que é possível enriquecer do dia para a noite, com um simples clique.
O Brasil está, neste momento, diante de uma crise silenciosa que ameaça não apenas a saúde financeira da população, mas o desenvolvimento emocional, intelectual e social de toda uma geração.
Segundo o Unicef, 22% dos adolescentes brasileiros já apostaram até os 11 anos de idade. Em muitos casos, esses jovens burlam restrições com CPFs falsos e acessam plataformas sem qualquer filtro. Dormem nas aulas, abandonam os estudos, se isolam das famílias, furtam dentro de casa e comprometem o próprio futuro.
Tudo isso por causa de um vício que atua no cérebro com a mesma intensidade de substâncias como cocaína ou álcool, por meio da liberação de dopamina.
O que está em jogo aqui não é apenas o dinheiro perdido em si.
É a construção de uma geração que cresce acreditando que há atalhos para o sucesso. E não há. A verdade é dura: para cada ganhador nas apostas, existem milhares de perdedores. A grande maioria compromete renda, sonhos e dignidade em troca de uma ilusão.
Dados do Banco Central mostram que só em agosto de 2024, R$ 3 bilhões do programa Bolsa Família foram usados em apostas. Estamos falando de famílias em situação de vulnerabilidade extrema, que estão transferindo recursos essenciais para alimentar uma indústria bilionária. É uma tragédia social que precisa ser nomeada: estamos diante de uma epidemia comportamental.
Diante disso, a resposta não pode ser apenas repressiva. Bloquear sites ou banir plataformas é importante, mas não suficiente. O verdadeiro antídoto contra esse vício é a educação do comportamento financeiro.
E faço questão de enfatizar: educação do comportamento financeiro vai muito além de ensinar a fazer contas, poupar ou planejar uma planilha. Trata-se de desenvolver consciência sobre o valor real do dinheiro, identificar impulsos, refletir sobre prioridades e entender, de fato, que o dinheiro é um meio – nunca o fim.
É urgente que esse tipo de formação seja levado às escolas de forma estruturada, prática e contínua.
Não podemos esperar que os jovens aprendam sozinhos a lidar com as pressões de um mundo onde o consumo e o imediatismo são incentivados o tempo todo.
Educar financeiramente é formar cidadãos mais conscientes, emocionalmente preparados e livres para escolher com responsabilidade. E isso precisa começar cedo – desde a infância. Não se trata de “proibir” apostas como moralismo, mas de mostrar com clareza o que elas realmente são: entretenimento de alto risco, que pode arruinar vidas quando tratado como caminho para a riqueza.
Como educador financeiro, tenho acompanhado milhares de histórias de pessoas que perderam tudo por acreditarem em promessas rápidas. É possível se reerguer? Sim. Mas é muito mais eficaz prevenir do que remediar. Por isso, chamo a atenção de pais, escolas, governos e toda a sociedade: ou investimos agora na educação do comportamento financeiro, ou estaremos condenando nossos jovens a um ciclo de perdas que vai muito além do dinheiro.
A única aposta segura que podemos fazer hoje é investir em consciência, formação e responsabilidade.
Porque o verdadeiro caminho para a liberdade – inclusive financeira – passa pelo conhecimento, e nunca pela sorte.
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Quer saber mais sobre como a educação do comportamento financeiro pode ajudar os jovens a resistirem ao apelo das apostas online, compreenderem seus impactos e consequências, e construírem uma relação mais saudável com o dinheiro? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder!
Um grande abraço,
Reinaldo Domingos
Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira – ABEFIN
https://www.dsop.com.br
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