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Greenwashing e a Falsa Sensação de Salvar o Planeta como Consumidor

O greenwashing reforça a falsa sensação de que consumir produtos “verdes” basta para salvar o planeta. As mudanças reais dependem de consciência, redução do consumo e responsabilidade no descarte. Descubra como escolhas simples geram impacto verdadeiro.

Greenwashing e a Falsa Sensação de Salvar o Planeta como Consumidor

Greenwashing e a Falsa Sensação de Salvar o Planeta como Consumidor

A COP-30 passou, gerou debates, encontros, discursos e acordos pontuais. Mas, como tantas outras edições, o que fica é a constatação de que o ritmo das transformações ainda é lento demais para a urgência climática que vivemos. E, quando o grande evento termina, todos voltamos ao nosso cotidiano — às dinâmicas de trabalho, à rotina doméstica, às compras do dia a dia.

É justamente nesse “pós-evento”, quando as luzes se apagam e a vida normal recomeça, que precisamos olhar com mais cuidado para o que realmente está ao nosso alcance.

No meio da avalanche de notícias sobre crise climática, calor recorde, secas, enchentes, oceanos contaminados e espécies ameaçadas, surgem em nós perguntas legítimas: o que eu posso fazer? Como contribuo, de verdade, no meu pequeno espaço no mundo?

E é aqui que, muitas vezes, somos seduzidos por soluções fáceis — ou pela falsa sensação de que basta comprar produtos “verdes”, “naturais”, “carbono neutros” para equilibrar a balança e aliviar a consciência.

Mas é justamente nesse ponto que precisamos ser mais críticos. O greenwashing — empresas que se apresentam como ambientalmente responsáveis sem mudanças reais em seus processos — se aproveita exatamente dessa ansiedade por “fazer a nossa parte”.

Embalagens verdes, selos vagos e promessas pouco explicadas nos fazem acreditar que consumir conscientemente é apenas uma questão de escolher melhor na prateleira. E não é.


Reciclar é importante — mas está longe de ser suficiente

Separar o lixo, descartar corretamente, usar menos plástico. Tudo isso é necessário. Mas não resolve a coreografia inteira. Os números mostram uma realidade desconfortável: apenas uma pequena parcela do plástico realmente volta ao ciclo produtivo. A maior parte vai parar em aterros, incineradores ou no mar.

Mesmo objetos aparentemente recicláveis, como garrafas PET coloridas, dificilmente serão reaproveitados devido ao seu baixo valor de mercado. E mesmo quando são reciclados, muitas vezes o processo gera downcycling, transformando o plástico em produtos de qualidade inferior que, mais tarde, não poderão ser reciclados novamente.

A verdade é simples, embora difícil de encarar: não há reciclagem capaz de compensar um padrão de consumo ilimitado.


O que realmente está nas nossas mãos: consumir menos, melhor e com consciência do descarte

Se não podemos confiar completamente no marketing “sustentável” e se a reciclagem não resolve tudo, o que podemos fazer?

Podemos fazer muito — desde que aceitemos a ideia de que precisamos consumir menos.

  • Comprar apenas o necessário;
  • Pensar duas vezes antes de adquirir algo novo;
  • Reaproveitar antes de descartar;
  • Priorizar produtos duráveis, reparáveis e sem excessos de embalagem;
  • Reduzir o uso de plástico — começando por evitar produtos cuja reciclagem é improvável;
  • Entender o que realmente acontece com aquilo que jogamos fora;

Esses gestos parecem pequenos, mas têm impacto real quando se tornam prática contínua, e não um remendo pontual motivado por culpa.


Menos compras, mais consciência

Não é fácil abandonar o impulso do consumo — ele é parte do sistema econômico e do nosso próprio comportamento social. Mas é justamente nesse ponto que está a mudança possível. Consumir menos não é “voltar no tempo” ou viver com restrições: é viver com mais intencionalidade, com menos desperdício e com mais clareza sobre o que realmente importa.

Enquanto grandes eventos internacionais discutem acordos e metas globais, nós, no dia a dia, podemos exercitar escolhas que têm impacto direto. Não para “salvar o planeta” sozinhos, mas para reduzir os danos e pressionar empresas e governos a saírem das narrativas fáceis para ações concretas.

A crítica ao greenwashing é necessária. Mas ela só faz sentido quando acompanhada de um comportamento que recusa a ilusão do “consumo que salva” e assume a responsabilidade de viver de forma mais leve, mais consciente e menos descartável.

Talvez percamos, pouco a pouco, aquela paz relativa que o selo “eco-friendly” nos dava. Mas ganhamos algo mais valioso: lucidez.

E é com ela que começamos a mudar — de verdade.


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Quer conversar mais sobre o greenwashing e a importância de fazer escolhas que realmente reduzem o impacto ambiental? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Marco Ornellas
https://www.ornellas.com.br/

Confira também: Luz e Sombra em Tempos de Vale Tudo: Entre o Certo e o Humano

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Marco Ornellas é Psicólogo, Master of Science in Behavior pela California American University e Mestre em Biologia-Cultural pela Universidad Mayor do Chile e Escuela Matrizstica. Pós em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações.Consultor, Coach, Designer Organizacional, Palestrante e Facilitador de Grupos e Workshops em temas como Liderança, Complexidade, Gestão, Desenvolvimento de Equipes, Inovação e Consultor em Design da Cultura Organizacional.Autor dos Livros: DesigneRHs para um Novo Mundo, Uma nova (des)ordem organizacional e Ensaios por uma Organização Consciente.CEO da Ornellas Consulting e Ornellas Academy.
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