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Performance: Os Riscos Ocultos da Busca pela Produtividade Extrema e pelos Modismos de Saúde

A pressão pela produtividade extrema, modismos de saúde e estética ideal têm levado mulheres a excessos perigosos com hormônios, promessas rápidas e padrões irreais. Descubra os riscos ocultos, como proteger sua saúde e adotar um caminho mais consciente e equilibrado.

Performance: Os Riscos Ocultos da Busca pela Produtividade Extrema e pelos Modismos de Saúde

Performance: Os Riscos Ocultos da Busca pela Produtividade Extrema e pelos Modismos de Saúde

Todos os dias recebo em meu consultório pacientes querendo usar hormônios e medicações. Mulheres de todas as idades. Que veem principalmente nos hormônios as fontes de todos os seus problemas ou as possíveis soluções para tudo.

Vivemos em uma realidade na qual o valor de uma pessoa é dado por sua produtividade. E que é necessário sempre mais. O básico é pouco. O normal é insuficiente e o suprafisiológico é aplaudido. Isso vale para as relações, para o trabalho, para o corpo e a mente.

É só observar a busca desenfreada por profissionais que se dizem especialistas em “performance” e que sequer têm de fato uma inscrição de especialista válida no Conselho Federal de Medicina.

Mas se estiver bem apessoado nas redes sociais, com centenas de milhares de seguidores falando pelos cotovelos de músculos e emagrecimento e vendendo condutas que não encontramos nos guidelines dos conselhos de especialidades, tornam-se referência de busca por pacientes ávidos por acreditarem no que esses profissionais vendem.

Vemos todos os tipos de conselhos gananciosos disfarçados de boas intenções.

Do mesmo jeito que existem as fake news que se compartilham pelo WhatsApp sem antes averiguar a veracidade dos fatos, existem os fake profissionais que são vistos, ouvidos e compartilhados sem se verificar suas inscrições no CFM, ou seu tempo de formação e, muito menos, suas supostas especializações.

No universo feminino, que mais uma vez, entra século e sai século, segue um modismo de beleza imposto sei lá por quem e seguido sei muito menos por quê, nota-se um movimento em massa de harmonização de rostos, corpo e vulvas, tornando todas igualmente equivocadas com sua autoimagem, e encantadas com as promessas mágicas de resultados rápidos e incríveis em pouco tempo e com muitos hormônios e medicamentos, inclusive ansiolíticos e antidepressivos.


Motivadas por imagens nas redes sociais de outras mulheres que se intitulam saudáveis com seus abdomens trincados e corpos impecáveis à base de suplementos em quantidades infinitas, as mulheres buscam cada vez mais. Mais músculos, mais resultados, mais rendimentos.


Buscam tanto que se perdem. Hormônios demais, bom senso de menos. Resultados imediatos que colocam a saúde e a vida em risco. AVCs, infartos, insônia, surtos psicóticos, menopausa precoce, patologias cardíacas e hepáticas já estão sendo vistas nos consultórios médicos (estes com RQE – Registro de Qualificação de Especialista devidamente aprovados em residências médicas e subespecialidades e reconhecidos em seus Conselhos Regionais de Medicina).

Outro dia, uma paciente de 29 anos me procurou para usar hormônios para mais performance no corpo e na academia. Em primeiro lugar fiquei pensando se deveria contar pra ela, do alto dos meus 46 anos de vida e 20 anos de formada, que ainda tinha uma longa caminhada pela frente e já se encontrava no auge da idade e juventude em termos de corpo. Que ainda viriam maternidade, puerpério e perimenopausa. Que já estava excelente pois se cuidava muito e não haveria necessidade de mais do que já havia alcançado com alimentação e atividade física. E contei.


Eu disse: – Vá curtir a vida, namorar e ser feliz!


Conversamos por um longo tempo sobre expectativa e realidade e como essa visão deturpada de saúde vendida nas redes sociais pode ser perigosa e danosa para o corpo e para a saúde mental. Ela concordou e seguiu. E quantas outras não concordam, e retornam cheias de hormônios, voz alterada, magérrimas, apáticas e às vezes irreconhecíveis?

Que tal sermos guias de nossas mentes e investirmos em nossa própria melhor versão com o mínimo de intervenções médicas possível? De acordo com dados da Ginecologia do Esporte – especialidade que estuda a fisiologia esportiva e rendimento da saúde feminina, a melhor resposta física depende da tríade: genética, alimentação, tipo, intensidade e frequência de treinos.

Que tal desembrulhar menos e descascar mais? Entender nossa fisiologia e acolher nossas oscilações de humor, hormônios e corpo.

Reconhecer nossas limitações, já que não somos máquinas de produtividade. Aceitar que a construção da longevidade saudável requer tempo, paciência bem como persistência, cujo resultado se torna mais sólido e estável. Sem modismos, sem excessos.

Apenas confiando e ajudando o processo. Envelhecer e amadurecer. Permitir e sentir. Sorrir e seguir. Parece difícil na prática, mas podemos nos inspirar na poesia para levarmos a vida mais leve e mais feliz.

Pense nisso!


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Quer saber mais sobre os riscos ocultos da produtividade extrema e dos modismos de saúde — e como eles podem colocar sua saúde e sua vida em risco? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Prazer, Clarissa!

Clarissa Marini
Ginecologista, Sexóloga & Escritora
CRM 11468-GO
https://www.instagram.com/clamarini/

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Clarissa Marini é ginecologista, sexóloga e escritora. Especialista em Uroginecologia e Reposição Hormonal. Autora de Poetizando o Sexo e Inenarrável. É mãe, poeta e amante da vida. Formada há 17 anos, escuta e ausculta almas e corações de suas pacientes.
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