
Educação Financeira: O 1º Investimento que Jovens Devem Fazer
Quando converso com jovens que estão começando a vida profissional — sejam aprendizes, estagiários, CLTs, servidores públicos ou empreendedores —, costumo dizer que o maior erro é querer investir antes de se conhecer financeiramente. Antes de aplicar qualquer centavo, é fundamental responder a três perguntas essenciais:
* Qual é a finalidade do meu investimento?
Saber o “porquê” é o ponto de partida. Pode ser a conquista de uma casa, de um carro, a formação de uma reserva de segurança ou a aposentadoria.
* Por quanto tempo vou investir?
É um objetivo de curto, médio ou longo prazo? Um ano, dez, quinze? Essa resposta define o tipo de aplicação mais adequada.
* Que risco estou disposto a correr?
Cada pessoa tem um perfil de investidor e uma tolerância diferente às oscilações do mercado. Conhecer-se é a chave para investir com segurança.
Essas três respostas orientam o caminho para investimentos mais conscientes e eficazes. Mas, para quem deseja constância e disciplina, costumo propor mais cinco reflexões complementares:
- O que eu quero — qual é o meu sonho ou necessidade?
- Quanto custa realizar esse objetivo?
- Em quanto tempo quero conquistá-lo?
- Quanto posso guardar por mês?
- De onde virá esse dinheiro — ou como posso gerar mais renda para isso?
Essas perguntas simples formam o alicerce de uma trajetória financeira sólida. E, claro, tudo deve estar baseado em consciência financeira e em um orçamento bem estruturado, conforme o método DSOP — Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar — que desenvolvi e aplico há mais de duas décadas.
O grande erro dos brasileiros é viver o que chamo de “orçamento covarde”: ganha, gasta e, se sobrar, guarda. O caminho certo é o inverso: planejar o ganho, separar o dinheiro dos sonhos, da aposentadoria e das obrigações, e só depois pensar nos gastos. Essa inversão de lógica é o primeiro passo rumo à verdadeira liberdade financeira.
A previdência complementar como aliada
Sem dúvida, a previdência complementar — ou auto-previdência — é uma excelente alternativa para quem deseja construir uma aposentadoria digna e sustentável.
O INSS continua sendo essencial como política pública, mas já não garante o mesmo padrão de vida. Hoje, dos 37 milhões de aposentados e pensionistas, 99% ainda dependem financeiramente de parentes ou continuam trabalhando.
Um dado que sempre trago para reflexão: em 1994, o piso do INSS equivalia a nove salários-mínimos; em 2025, caiu para cinco. E a tendência é de que, no futuro, a maioria receba o equivalente a um único salário-mínimo.
Por isso, a previdência privada — seja PGBL, VGBL ou programas institucionais, como a ABEFINPREV, da Associação Brasileira dos Profissionais de Educação Financeira — é uma alternativa inteligente, acessível e estratégica. Na ABEFINPREV, por exemplo, é possível começar com valores a partir de R$ 50, sem taxa de administração ou carregamento, com rendimento atrelado ao CDI ou até superior.
Mais importante do que a modalidade escolhida é o comportamento: guardar com regularidade, “carimbar” o dinheiro (definir o destino dele) e deixar que os juros exponenciais trabalhem a seu favor. Quanto mais cedo o jovem começar, então mais cedo alcançará a independência financeira — e deixará de trabalhar por necessidade, passando a trabalhar por prazer e propósito.
Por que o Brasil ainda tem poucos investidores
É um conjunto de fatores: pobreza, desigualdade e, sobretudo, falta de educação financeira. Vivemos em um país de cultura consumista, onde o jovem é estimulado a gastar, e não a poupar. O famoso ditado “dinheiro na mão é vendaval” se tornou quase um lema nacional.
Durante décadas, nossas famílias não tiveram acesso à educação financeira — e isso reflete até hoje. Embora tenhamos avançado com a inclusão do tema na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2020, ainda há um longo caminho a percorrer.
Na ABEFIN, trabalhamos para mudar essa realidade. Desenvolvemos programas de educação financeira para famílias e escolas, criamos a ABEFINPREV como ferramenta de previdência responsável e apoiamos iniciativas legislativas para regulamentar a profissão de educador financeiro.
Outro grande desafio é a inflação real, muito superior à oficial. Enquanto o governo anuncia um IPCA de 5%, o custo de vida real das famílias cresce entre 15% e 25% ao ano — corroendo o poder de compra e desestimulando o hábito de poupar. Além disso, políticas públicas que incentivam o crédito fácil, como o consignado, acabam levando pessoas despreparadas ao superendividamento.
Portanto, o problema não é apenas econômico — é comportamental e educacional. Como sempre digo: “não se educa uma pessoa, educa-se uma família.” Somente com esse olhar coletivo e preventivo construiremos um Brasil verdadeiramente próspero.
Constância e propósito: o segredo dos bons investidores
Independentemente de onde o dinheiro está aplicado — CDB, Tesouro Direto, LCI, LCA ou ações com dividendos —, o mais importante é ter um propósito claro. Vejo que 95% dos brasileiros que poupam não sabem para quê estão guardando. Colocam todo o dinheiro em uma única conta, sem distinguir o que é de curto, médio ou longo prazo.
E é aí que mora o erro. Gosto de repetir: “dinheiro sem destino é dinheiro perdido.” Por isso, antes de investir, é essencial refletir novamente sobre os três pilares fundamentais:
- Finalidade;
- Tempo;
- Risco.
Esses três pilares fazem parte da educação do comportamento financeiro DSOP e são o segredo para não perder o foco nem o dinheiro ao longo do tempo.
A constância vem da disciplina, do planejamento e de um orçamento estruturado que prioriza sonhos, aposentadoria e reservas antes dos gastos do dia a dia.
Quando o investimento tem um propósito e um método, então ele deixa de ser um sacrifício e se torna um prazer — o prazer de ver seus sonhos se realizando passo a passo.
Gostou do artigo?
Quer saber mais sobre educação financeira e por que ela é tão essencial, especialmente para jovens que estão começando a construir a própria vida? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Um grande abraço,
Reinaldo Domingos
Presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN) Responsável pela ABEFINPREV Educador Financeiro e criador da Metodologia DSOP – Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar
https://www.dsop.com.br
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