
A Maldição de Golias e o Futuro do Colapso Social
O título acima é bem provocador e o conteúdo da postagem pretende ser mais provocador ainda. E essa motivação nasceu da publicação muito recente de um livro não-ficcional, inspirado em estudos científicos. A obra “A Maldição de Golias: A História e o Futuro do Colapso Social” (Goliath’s Curse: The History and Future of Societal Collapse) tem a autoria do Dr. Luke Kemp, acadêmico da Universidade de Cambridge.
O objetivo do Dr. Kemp é construir um registro linguístico formal e técnico, mantendo a fidelidade conceitual aos argumentos apresentados em seu estudo histórico. Esse estudo envolve mais de 324 casos de colapso de regimes e impérios, desde a Idade do Bronze até a contemporaneidade.
Por respeito à verdade, vale informar que esta postagem foi construída com a colaboração essencial do ChatGPT, do Gemini e do Copilot, sendo finalizada com revisão criteriosa. Afinal, resumir o conteúdo de um livro e a entrevista do Dr. Kemp, em poucas palavras, é um exercício complicado.
O ponto de partida da tese do Dr. Kemp reside na crítica à nomenclatura histórica tradicional, em que o autor propõe substituir o termo “civilização” pela metáfora bíblica “Golias” para designar estruturas estatais complexas e hierárquicas.
A Emergência do “Golias” (O Estado Extrativista)
A mudança proposta não é meramente estilística, pois ela tem uma implicação conceitual profunda. Dr. Kemp argumenta que a formação do estado-Golias, que se consolidou após o advento da agricultura e a sedentarização humana, representa uma regressão evolutiva em relação às estruturas sociais de caçadores-coletores, que eram caracterizadas por uma notável fluidez e igualitarismo intrínseco.
O Golias se estabelece a partir da conjugação de: Excedentes Econômicos Saqueáveis (A produção de bens armazenáveis, tais como grãos, que se tornaram alvo de apropriação e coerção, e também; Tecnologia de Coerção (desenvolvimento dos instrumentos que permitem a dominação centralizada e, concomitantemente, a defesa dos excedentes).
O Golias, nesse contexto, é definido como um sistema político-econômico baseado na dominação, caracterizado pela centralização burocrática, por um aparato militar massivo e pela extração sistemática de recursos e riqueza da base social em benefício de uma elite minoritária. A longevidade média desses vários “Golias”, ao longo do tempo, é notavelmente curta, tipicamente inferior a dois séculos, o que sugere uma fragilidade estrutural inerente à sua própria configuração extrativista.
O Fundamento do Colapso: Desigualdade e Captura de Elite
O cerne da investigação do Dr. Kemp reside na identificação dos mecanismos internos que predispõem os diferentes “Golias” à desintegração. Seu estudo empírico demonstra que fatores exógenos (por exemplo, invasões, eventos climáticos extremos, pandemias etc) raramente são a causa principal do colapso, servindo, na maioria dos casos, apenas como gatilhos aceleradores em um sistema já comprometido.
A proposição mais robusta do Dr. Kemp é que o aumento da desigualdade de riqueza constitui o preditor mais consistente do colapso sociopolítico. O mecanismo de deterioração opera na seguinte ordem e forma (acompanhe esta sequência e reflita se lembra algo ou algum lugar):
a) Concentração de Riqueza e Poder:
A crescente desigualdade econômica leva inevitavelmente à captura das instituições estatais por uma pequena oligarquia ou elite;
b) Otimização Extrativista:
Essa elite, muitas vezes caracterizada por um viés de competição interna, realinha os incentivos do Estado para maximizar a extração de riqueza da população e dos recursos naturais, culminando na subversão dos mecanismos de accountability (prestação de contas);
c) Deterioração Institucional e Decisão:
A competição entre diferentes grupos na elite (facções) e a corrupção sistêmica minam a eficácia e a legitimidade das instituições. A elite passa a tomar decisões questionáveis (por exemplo, expansão militar, negligência ambiental, falta de transparência) que são vantajosas para seu status quo de poder, mas que debilitam a resiliência global do contexto, e;
d) Esgotamento da Base Social:
O resultado é o empobrecimento, a deterioração da saúde pública e a perda de confiança na estrutura estatal pela vasta maioria da população.
A obra do Dr. Kemp conclui que a fragilidade endógena—fiscal, ecológica e institucional, decorrente da desigualdade crescente, tornará o sistema vulnerável. Em muitos casos, a agitação civil, induzida pela disparidade de riqueza, irá se manifestar como o vetor direto da desintegração, mesmo na ausência de grandes choques externos. Uma nota de destaque nessa análise é a correlação entre a resiliência do Estado e o grau de inclusão social. O autor postula que a subjugação das mulheres tende a ser um indicador de regimes autocráticos. E, consequentemente, mais propensos ao colapso, sugerindo que a democratização e a inclusão de gênero são fatores que aumentam a durabilidade e a estabilidade sistêmica.
As Consequências Não Lineares do Colapso: O Paradoxo da Melhoria do Bem-Estar
Em contraste com a narrativa convencional de “Idades das Trevas” e caos generalizado, o Dr. Kemp argumenta que o colapso de um Golias, historicamente, apresenta um paradoxo de bem-estar. Embora catastrófico para as elites envolvidas (ao redor de 1%), a desintegração do sistema centralizado, frequentemente, resulta na melhoria das condições de vida para a grande maioria (os demais 99%).
Os efeitos observados incluem:
- Interrupção da Extração (o fim da dominação centralizada dissolve o aparato fiscal e coercitivo, libertando a população do ônus da taxação e da exploração);
- Nivelamento Social (o colapso promove a igualização radical da riqueza, eliminando a concentração de capital e privilégios que caracterizavam o regime, e;
- Reorientação Autônoma (o abandono da infraestrutura estatal força as comunidades a adotarem estruturas mais localizadas, frequentemente regressando à agricultura de subsistência, mas com um aumento na autonomia política e econômica).
A violência pós-colapso, segundo a análise do Dr. Kemp, é predominantemente o resultado de tentativas localizadas de restabelecimento do poder extrativista por facções menores das elites, e não por conta de um pânico social generalizado. O colapso, portanto, pode ser interpretado não como a anarquia absoluta, mas como reconfiguração para um modo de existência mais resiliente e equitativo, do ponto de vista da maioria da população.
O Risco Existencial: A Singularidade do Colapso Global
A tese do Dr. Kemp atinge seu ápice na análise do sistema global contemporâneo. Pela primeira vez na história, o Golias em risco não é um império regional, mas sim o sistema social, político e econômico global interconectado. O autor identifica as grandes corporações (particularmente as do setor de combustíveis fósseis, Big Techs e complexo militar-industrial) como “Agentes da Destruição” que perpetuam a lógica extrativista em escala planetária, acelerando a fragilidade sistêmica. Há três fatores de risco inéditos que identificam o potencial colapso deste Golias Global:
a) Interconexão e Velocidade:
A densa conectividade dos sistemas (financeiros, logísticos, de comunicação) implica que um choque sistêmico terá uma propagação global e velocidade de contágio sem precedentes, inviabilizando a recuperação localizada;
b) Complexidade:
A extrema complexidade do Golias Global o torna opaco e inadministrável, aumentando a probabilidade de falhas em cascata, e;
c) Ameaças de Aniquilação:
O risco contemporâneo é agravado por ameaças existenciais de natureza tecnológica e ecológica. Por exemplo, a crise climática (falha da elite em gerir um risco sistêmico) e o perigo de guerra nuclear e Inteligência Artificial (IA)
A conclusão é sombria: a queda do Golias Global não pode ser mitigada por uma reorientação local, pois não haverá um “exterior” não colapsado. O colapso, neste cenário, é potencialmente irreversível.
Resiliência: O Imperativo da Justiça Distributiva
O estudo e a obra culminam em uma prescrição para a mitigação do risco existencial. Para evitar o colapso catastrófico e irreversível, o sistema global deve reverter a trajetória de desigualdade e concentração de poder. A solução não está na abolição da complexidade per se, mas sim no controle democrático e inclusivo da complexidade.
O caminho para a resiliência é pavimentado por:
- Democratização Radical (Implementação de instituições que garantam a inclusão e o desmantelamento da captura oligárquica);
- Redução da Desigualdade: (justiça distributiva não é apenas imperativo ético, mas uma variável de estabilidade sistêmica), e;
- Estruturas de Colaboração: (substituição da lógica de comando e competição pela primazia da colaboração e da pluralidade de inputs decisórios).
Em essência, a Maldição de Golias só pode alcançar a cura por meio do resgate da natureza humana intrinsecamente cooperativa. Além disso, por meio da rejeição do modelo extrativista, egoísta e hierárquico que define o estado-Golias. A sobrevivência futura depende da capacidade de construir um sistema global que priorize a equidade e a resiliência sobre a maximização do lucro para a elite.
Visão resumida da crítica especializada
Durante os primeiros 300.000 anos da história humana, os homo sapiens caçadores-coletores viveram em civilizações fluidas e igualitárias que impediam que qualquer indivíduo ou grupo governasse permanentemente. Então, por volta de 12.000 anos atrás, isso começou a mudar. À medida que nos congregávamos, ainda que relutantemente, nas primeiras fazendas e cidades, as pessoas começaram a depender de novos recursos saqueáveis, como grãos e peixes, para seu sustento diário.
E quando armas mais poderosas se tornaram disponíveis, pequenos grupos começaram a tomar o controle desses valiosos recursos. Essa desigualdade de recursos logo se transformaria em desigualdade de poder, e começamos a adotar formas de organização mais primitivas e hierárquicas. O poder se concentrou em senhores, reis, faraós e imperadores (e ideologias surgiram para justificar seus governos). Estados e impérios gigantescos – com vastas burocracias e exércitos – dividiram e dominaram o globo.
O que os derrubou? Seja nas primeiras cidades da América do Norte ou da América do Sul, ou nos vastos impérios do Egito, Roma e China, foi o aumento da desigualdade e a concentração de poder que corroeram esses Golias antes que um choque externo os derrubasse. Esses colapsos, descritos como apocalípticos, na verdade, geralmente representavam uma bênção para a maior parte da população.
Agora vivemos sob um único Golias global. Instituições extrativistas obcecadas pelo crescimento, como a indústria de combustíveis fósseis, as grandes empresas de tecnologia e os complexos militar-industriais. Juntos, eles dominam nosso mundo e geram caminhos que até podem aniquilar nossa espécie, desde as mudanças climáticas até uma eventual guerra nuclear. Nossos sistemas são agora tão rápidos, complexos e interconectados que um colapso futuro provavelmente será global, rápido e irreversível. Todos nós enfrentamos agora uma escolha: devemos aprender a controlar Golias democraticamente, ou o próximo colapso poderá ser o último.
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Quer saber mais sobre como o colapso social pode impactar nosso futuro e o que realmente pode evitá-lo? Então, em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.
Até nossa próxima postagem!
Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br
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Referências e Creditação:
Este resumo se baseia nas principais proposições da obra “A Maldição de Golias: A História e o Futuro do Colapso Social” (Goliath’s Curse: The History and Future of Societal Collapse), do Dr. Luke Kemp, professor da Universidade de Cambridge. A análise suportada por resumos acadêmicos, artigos jornalísticos (exemplo: The New York Times) e entrevistas do autor, conforme citado na introdução. O estudo científico do autor está fundamentado na análise comparativa de 324 casos históricos de colapso sociopolítico.

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