fbpx

Liderança Feminina e o Custo da “Força”: Por que o Autocuidado é um Imperativo Estratégico de Inclusão?

Por trás da imagem da mulher forte há um custo invisível: a saúde emocional. Em um mundo que cobra alta performance e ignora a carga mental, o autocuidado deixa de ser luxo e se torna um imperativo estratégico de inclusão. Descubra por que isso muda tudo.

Liderança Feminina e o Custo da "Força": Por que o Autocuidado é um Imperativo Estratégico de Inclusão?

Liderança Feminina e o Custo da “Força”:
Por que o Autocuidado é um Imperativo Estratégico de Inclusão?

O Outubro Rosa é, anualmente, um poderoso convite à prevenção. Milhões de mulheres são lembradas da importância do autocuidado e da atenção à saúde. Mas, para a mulher líder no ambiente corporativo, surge uma pergunta mais complexa: o sistema de trabalho está permitindo que ela se previna?

Em um mundo que cobra das mulheres alta performance no trabalho e a “gerência invisível” da vida pessoal (a chamada Carga Mental), o autocuidado deixa de ser uma falha de planejamento individual e se revela como um desafio de inclusão e de cultura organizacional.


A Armadilha da “Mulher Forte” e o Risco de Burnout

A sociedade, e o ambiente de trabalho, idealizam a figura da “supermulher” — aquela que entrega resultados excepcionais, lidera com empatia, gerencia a casa, cuida da família e nunca falha. Essa narrativa de resiliência ilimitada é, na verdade, um risco psicossocial perigoso.

Dados recentes confirmam que a exaustão está desproporcionalmente ligada ao gênero:

  • Disparidade de Burnout: Pesquisas no Brasil e globalmente, como as realizadas pela Deloitte e pela McKinsey, indicam que mulheres relatam níveis significativamente mais altos de Burnout do que homens. Um estudo aponta que mais de 66% das mulheres em cargos de alta gestão no setor de tecnologia, por exemplo, estão esgotadas.
  • A Sobrecarga Invisível: O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforça que as mulheres dedicam, em média, quase 10 horas a mais por semana do que os homens em afazeres domésticos e cuidados não remunerados. Essa dupla jornada (ou tripla, no caso de mães e cuidadoras) sobrecarrega o cognitivo e o emocional, drenando assim a energia que deveria ser, na verdade, investida na prevenção e no bem-estar.

Quando a organização celebra a “força” dessa líder sem questionar a sobrecarga que a sustenta, acaba validando, ainda que de forma involuntária, um ciclo de adoecimento.


Autocuidado: De Luxo Pessoal a Imperativo de DE&I

Em muitas culturas corporativas, o autocuidado é visto como um “luxo pessoal” — algo que as pessoas devem encaixar nas horas vagas, se sobrar tempo. No entanto, essa visão é estrategicamente míope.

Autocuidado é uma pauta de Inclusão porque mede a capacidade do sistema de acomodar e respeitar a saúde integral de todas as pessoas. Especialmente daquelas que fazem parte de grupos historicamente sobrecarregados, como as mulheres.

A verdadeira inclusão acontece quando:

  • A Liderança Modela a Vulnerabilidade: Assim como defendemos o conceito de Segurança Psicológica (Dra. Amy Edmondson), a liderança precisa criar um espaço onde é seguro ser humano, e não apenas heroína. A liderança que mostra que precisa de limites e respeita seus próprios autoriza a equipe a fazer o mesmo.
  • O Tempo de Prevenção é Visto como Estratégico: A cultura deve garantir que a mulher líder tenha o tempo e o suporte necessários para a prevenção de saúde (consultas, exames, descanso mental) sem que isso seja percebido como “falta de comprometimento”.
  • A Organização Compartilha a Carga Mental: Políticas de trabalho flexíveis, licença parental equitativa e a desnaturalização dos papéis de gênero no ambiente de trabalho são ações que reduzem a pressão desproporcional sobre as mulheres.

O Papel da Liderança Inclusiva e Sistêmica

Como todo problema coletivo e complexo, a solução passa pela consciência sistêmica e pelo diálogo autêntico. A Liderança Inclusiva não é apenas sobre abrir a porta para mulheres, mas garantir que elas possam florescer e permanecer no ambiente, saudáveis.


Caminhos para transformar o autocuidado em estratégia organizacional:

  • Mentoria Focada em Limites: Programas de mentoria para lideranças femininas devem ir além da performance técnica. Devem incluir o desenvolvimento da habilidade de estabelecer e comunicar limites saudáveis, gerenciando as expectativas excessivas da cultura.
  • Modelar a Desconexão: Líderes devem encorajar a desconexão digital (o famoso “respeitar o horário de folga”) e usar metodologias práticas de solução colaborativa para que as equipes encontrem, coletivamente, soluções para a distribuição justa de tarefas e responsabilidades que geram sobrecarga.
  • Escuta Ativa dos Sinais: A liderança deve ser treinada para “ler o invisível”, percebendo os sinais de Burnout antes da crise. A ausência de vulnerabilidade na líder, sua “força excessiva”, pode ser o maior sintoma de que o sistema está doente.

O Outubro Rosa nos lembra de que prevenir é um ato de amor-próprio e consciência. No ambiente corporativo, é também um ato de coragem e inclusão. Não podemos mais permitir que o sucesso feminino seja somente alcançado à custa da sua saúde integral.

Que possamos construir ambientes onde a força da mulher resida na sua autenticidade e na liberdade de ser humana, e não na sua capacidade de suportar o insuportável.

Como a sua organização enxerga o autocuidado: como um luxo pessoal ou como um imperativo estratégico? Compartilhe sua perspectiva nos comentários.


Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre como transformar vulnerabilidade em força e fazer do autocuidado um ato de inclusão? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar com você!

Kaká Mandakinï
Fundadora da DivA Diversidade Agora! e ativista por uma vida mais maravilhosa para todas as pessoas
https://www.diversidadeagora.com.br

Confira também: Da Diversidade à Potência: Liderança Inclusiva e Gestão de Talentos com Base em Pontos Fortes 

Palavras-chave: autocuidado e inclusão, liderança feminina, mulher forte e burnout, cultura corporativa inclusiva, segurança psicológica, liderança consciente, autocuidado como estratégia de inclusão, impacto do burnout em mulheres líderes, liderança feminina e saúde emocional, como equilibrar força e vulnerabilidade, inclusão e bem-estar no ambiente corporativo, outubro rosa, dei, inclusão estratégica
Kaká Mandakini tem o propósito de contribuir para a construção de uma sociedade mais humana, compassiva, não-violenta e que valoriza a diversidade em todas as suas formas de expressão. Atuou durante 15 anos no mercado financeiro em áreas comerciais, estratégicas e de apoio ao negócio. Hoje, trabalha com o desenvolvimento de lideranças, com treinamentos, processos de autoconhecimento, gestão de conflitos e apoiando o desenvolvimento e as práticas de Comunicação Não-Violenta. Também atua como professora convidada e coach na Fundação Dom Cabral e no Insper, e como voluntária no Grupo Mulheres do Brasil e na Universidade do Propósito. É palestrante, coach, master practitioner em PNL, CHO – Chief Happiness Officer, treinadora comportamental, mentora, facilitadora de práticas de Comunicação Não-Violenta, Constelação Sistêmica Organizacional, Action Learning coach e mediadora de conflitos. Ela acredita que estamos entrando em uma nova era que pulsa por valores humanos mais elevados, como propósito, colaboração, criatividade, diálogo, sabedoria, felicidade, bem-estar, realização pessoal e consciência de interdependência, e que é papel de uma liderança consciente criar o ambiente favorável para a plena expressão do potencial e da autenticidade das pessoas.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa