
A Mente que Carrega o Mundo: Saúde Mental e a Realidade das Mulheres
Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo convivem com transtornos mentais, principalmente ansiedade e depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2025). A depressão afeta hoje cerca de 280 milhões de pessoas, enquanto a ansiedade atinge 301 milhões em todo o mundo. Esse número impressiona, mas por trás dele estão histórias reais de dor e resistência. Entre essas histórias, muitas são de mulheres.
Estudos mostram que a depressão é 50% mais comum em mulheres do que em homens (BMC Psychiatry, 2023). No Brasil, dados do Ministério da Saúde (2023) revelam que 26,8% das mulheres relataram sintomas de ansiedade, contra 17,3% dos homens, e que 14,7% das mulheres apresentaram sintomas de depressão, quase o dobro do índice masculino (7,3%).
A saúde mental feminina é atravessada por fatores biológicos, sociais e econômicos que se somam e aumentam o risco de adoecimento. Flutuações hormonais, gravidez, pós-parto e menopausa trazem impactos concretos sobre o humor e a disposição.
Uma pesquisa recente apontou que mulheres em perimenopausa têm 40% mais risco de desenvolver sintomas depressivos em comparação a mulheres em outras fases da vida (The Guardian, 2024). Ao mesmo tempo, a pressão por corresponder a padrões irreais e a luta diária contra a violência e a desigualdade agravam um quadro já vulnerável.
No Brasil, as mulheres apresentam taxas de depressão mais que o dobro das registradas em homens. A pandemia intensificou ainda mais esse cenário: em 2020, os casos globais de ansiedade e depressão aumentaram em mais de 25%, com impacto mais severo entre mulheres jovens (ScienceDirect, 2020).
O sofrimento, muitas vezes invisível, é mascarado por sorrisos e silêncios que escondem cansaço, medo e solidão. A dor psíquica não sangra, mas corrói autoestima, limita oportunidades e interrompe trajetórias.
Apesar da gravidade, os serviços de saúde mental seguem insuficientes. Estima-se que mais de 70% das pessoas com depressão em países de baixa e média renda não recebem tratamento adequado (OMS, 2023).
Muitas mulheres não têm diagnóstico, não recebem atendimento e enfrentam barreiras para buscar ajuda. O estigma ainda pesa: admitir fragilidade é visto como fraqueza, quando deveria ser reconhecido como ato de coragem.
É urgente transformar essa realidade.
Políticas públicas precisam considerar a saúde mental feminina como prioridade. Empresas devem compreender que cuidar da mente é estratégico para a produtividade e para a construção de ambientes mais humanos. E, no cotidiano, é necessário criar redes de apoio, onde escuta e acolhimento substituam julgamento e silêncio. Cuidar da saúde mental das mulheres é um compromisso ético e social.
Significa abrir espaço para que talentos floresçam, para que sonhos não sejam sufocados e para que vidas possam ser vividas em plenitude. Quando as mulheres encontram suporte real para cuidar de sua mente, toda a sociedade avança.
Quando falamos no ambiente de trabalho, a saúde mental das mulheres ganha contornos ainda mais desafiadores. Embora representem 48% da força de trabalho global (World Bank, 2023), a ascensão à liderança continua marcada por obstáculos invisíveis que comprometem não apenas a trajetória profissional, mas também o equilíbrio emocional.
O chamado “degrau quebrado” evidencia que, para cada 100 homens promovidos ao primeiro cargo de gestão, apenas 87 mulheres alcançam a mesma posição; no caso de mulheres negras, o número cai para 82 (McKinsey & LeanIn, 2023). Esse bloqueio estrutural, somado às pressões sociais e à dupla jornada, intensifica quadros de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
É nesse contexto que a sororidade se torna uma ferramenta poderosa de saúde mental e de transformação cultural.
Quando mulheres apoiam mulheres no espaço corporativo, criam-se redes de confiança capazes de reduzir a solidão da liderança, compartilhar estratégias de enfrentamento e fortalecer o sentimento de pertencimento.
Pequenos gestos, como validar a fala de uma colega em reuniões, recomendar profissionais para novas oportunidades ou oferecer escuta empática diante de dificuldades, funcionam como antídotos contra o isolamento e o desgaste psicológico.
O impacto da falta de apoio não é individual, mas coletivo. Empresas que ignoram a saúde mental das mulheres e não enfrentam as barreiras de gênero perdem talentos, comprometem a inovação e reduzem sua competitividade. Já aquelas que investem em políticas inclusivas, programas de bem-estar e lideranças capacitadas para atuar com empatia constroem ambientes mais humanos, produtivos e sustentáveis.
A ascensão da liderança feminina não deve ser apenas uma meta numérica, mas um compromisso com a equidade e com o cuidado integral. Garantir que mulheres possam ocupar posições de decisão sem abrir mão de sua saúde mental é criar espaços de trabalho mais justos e inovadores. Sororidade e liderança caminham juntas: quando as mulheres conquistam lugares de poder apoiadas por outras mulheres, elas não apenas rompem barreiras, mas pavimentam caminhos para as próximas gerações.
A reflexão sobre a saúde mental das mulheres no trabalho não pode ignorar um fenômeno doloroso que tem sido o grande vilão contemporâneo: o wollying. O termo, derivado da junção de woman e bullying, refere-se ao assédio moral praticado entre mulheres.
Pesquisas internacionais já apontam que cerca de 30% das mulheres relatam ter sofrido algum tipo de assédio moral no ambiente de trabalho, muitas vezes vindo de colegas do mesmo gênero (European Agency for Safety and Health at Work, 2022). É um comportamento que nega a sororidade e reforça padrões de rivalidade, comparações cruéis, isolamento e exclusão no ambiente profissional.
Embora silencioso, o wollying deixa marcas profundas. Comentários irônicos, descredibilização da fala de outra mulher, boatos espalhados nos bastidores ou a omissão diante de injustiças corroem a confiança e geram ambientes hostis. Para quem sofre esse tipo de violência, o impacto emocional é direto: aumento da ansiedade, queda da autoestima, insegurança em se posicionar, retraimento social e até mesmo a desistência de oportunidades de crescimento.
Esse fenômeno é ainda mais perverso porque atinge a saúde mental justamente em espaços que deveriam ser de acolhimento e fortalecimento mútuo. Em vez de criar redes de apoio, o wollying fragmenta vínculos e reforça estruturas de poder que já são desiguais. Mulheres que poderiam ser aliadas tornam-se rivais, alimentando um ciclo de solidão e desgaste psíquico que mina a ascensão feminina à liderança.
Enfrentar o wollying exige coragem individual e ação coletiva. É preciso reconhecer o problema, nomeá-lo e combatê-lo de forma aberta. No nível organizacional, empresas devem criar políticas claras contra qualquer forma de assédio, promover espaços de diálogo e estimular a cultura da sororidade. No nível individual, cabe a cada mulher refletir sobre suas atitudes, romper com padrões de rivalidade e escolher ser ponte em vez de muro.
A prática da sororidade é o contraponto mais poderoso ao wollying.
Ela transforma ambientes tóxicos em espaços de confiança, onde a ascensão de uma mulher não é vista como ameaça, mas como conquista coletiva. E, quando isso acontece, o impacto vai além da saúde mental: fortalece carreiras, amplia representatividade e abre caminhos para uma liderança feminina mais sólida e transformadora.
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Quer saber mais sobre como a prática da sororidade pode atuar como antídoto contra o wollying e fortalecer a saúde mental das mulheres no ambiente de trabalho? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Edna Vasselo Goldoni
https://www.institutoivg.com.br
Confira também: Degrau Quebrado: Como a Sororidade pode Transformar o Caminho da Liderança Feminina
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Pausa necessária
Pensando em devolver à sociedade um pouco do que havia conquistado, criou o projeto “Semeando Pérolas”, uma ação social que realizava em comunidades carentes, hospitais e empresas, empoderando mulheres e valorizando suas histórias. Em pouco tempo, foi convidada pela ONU para representar o Brasil no Congresso Mundial ONU Mulheres.
Nasce o Instituto
Em 2017, nasceu o IVG – Instituto Vasselo Goldoni com o objetivo de trabalhar o protagonismo feminino. Desde então, sua missão tem sido mostrar para as mulheres, o quanto elas são capazes de conquistar tudo o que quiserem.
Com grande força realizadora e muito senso de responsabilidade, segue à frente do IVG, trabalhando pelo empoderamento feminino, desenvolvimento e capacitação de mulheres, através de programas de mentoria, entre outras atividades diversas que ocorrem em paralelo com o mesmo foco: protagonismo feminino | empoderamento feminino | a força da mulher | liderança feminina | carreira de sucesso |
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