
Entre Paradoxos, Desapegos e Poesia: A Coragem de Sermos Inteiros
A vida nos ensina, muitas vezes, através de paradoxos. Um dos mais belos é este: é quando percebemos que podemos viver bem sem o outro que estamos, de fato, preparados para viver com o outro.
Isso nos leva a uma pergunta essencial: será que estamos nos relacionando por escolha ou por necessidade? Quando descobrimos que podemos viver bem em nossa própria companhia, o amor deixa de ser prisão e passa então a ser liberdade compartilhada. Não precisamos mais do outro para nos sentirmos inteiros – e é justamente aí que nasce a possibilidade de amar com autenticidade.
Outro aprendizado profundo veio para mim no alto de uma montanha nos Andes, durante um estágio de pós-graduação – mas poderia ter acontecido em qualquer esquina da vida. Foi ali que compreendi o verdadeiro sentido do desapego. Não se tratava apenas de deixar pessoas irem, mas de soltar convicções antigas, crenças que carregamos sem nunca questionar. Quantas vezes seguimos por caminhos que já não nos servem, apenas por que acreditamos que não há outra escolha?
Sócrates, ao olhar para um mercado repleto de mercadorias, disse: “Estou apenas olhando quantas coisas existem das quais não preciso para ser feliz.” Essa frase ecoa como um convite: do que precisamos desapegar hoje para abrir espaço ao que de fato importa?
Muitas vezes, estamos apegados até às nossas próprias dores.
E, se olharmos com sinceridade, perceberemos que por trás delas se escondem ganhos secundários – a atenção que recebemos, a justificativa para não mudar, a zona de conforto que nos mantém “seguros”. Desapegar, nesse sentido, é mais do que soltar o que pesa; é reconhecer que até a dor pode se tornar apego.
E aqui o paradoxo se revela: quanto mais soltamos, mais recebemos; quanto menos precisamos, mais a vida nos oferece. Mas para enxergar isso é preciso mudar a lente. Se olhamos apenas com os olhos da falta, desapegar é sinônimo de perda. Se olhamos com os olhos da poesia, percebemos que o vazio é fértil, que nele cabem novas possibilidades.
É por isso que o desapego e o olhar poético caminham juntos. O primeiro abre espaço, o segundo dá sentido. Ambos nos ajudam a viver a vida com mais inteireza e autenticidade.
Já me disseram muitas vezes: “Você vê beleza em tudo.” “Você romantiza demais.” Mas há uma diferença entre romantizar e ser poético. Romantizar é negar a realidade, pintar de cores falsas aquilo que dói. Ser poético é permitir-se enxergar sentido até no que desafia. É escolher olhos que revelam beleza sem precisar negar a dor. E se pudéssemos, juntos, exercitar esse olhar mais poético? Como seria perceber a vida não como ilusão, mas como convite a encontrar significados mais profundos em cada detalhe?
No fim, tudo se conecta: relacionamentos mais verdadeiros, desapegos mais conscientes e um olhar mais poético para a vida. Cada um desses caminhos nos convida a sermos mais inteiros e mais autênticos.
Hoje deixo um convite: experimente soltar algo que já não serve mais — uma crença, um medo, uma necessidade de aprovação. Perceba como, paradoxalmente, o vazio abre espaço para a plenitude.
Porque a vida se revela mais inteira quando temos coragem de desapegar… e de simplesmente ser.
3 PRÁTICAS POÉTICAS DE DESAPEGO
1. Solte um objeto com poesia
Escolha algo que você guarda há anos, mas que já não tem função. Ao entregá-lo a alguém ou ao mundo, não pense apenas em “se desfazer”. Imagine que está permitindo que uma nova história seja escrita por aquele objeto. Pergunte-se: “Que espaço poético se abre dentro de mim ao abrir mão disso fora de mim?”
2. Reescreva uma crença como verso
Identifique uma frase que você ouviu na infância e que ainda guia suas escolhas (ex.: “dinheiro é difícil de ganhar”). Em vez de apenas descartá-la, transforme-a em poesia: escreva uma nova frase que seja um antídoto, algo que faça seu coração vibrar (ex.: “o dinheiro vem a mim com fluidez e beleza”). Assim, você desapega não apenas soltando, mas criando.
3. Diga um “não” como quem diz um “sim” à vida
Escolha algo nesta semana que não está em harmonia com você e diga “não” de forma consciente. Mas ao fazer isso, enxergue além da recusa: veja como esse “não” abre caminho para um “sim” mais profundo, mais alinhado, mais verdadeiro. Pergunte-se: “Ao que estou dizendo sim quando me permito dizer não?”
O desapego, quando visto com um olhar poético, deixa de ser vazio e se transforma em um gesto criador. Ele não tira – abre espaço. Não empobrece- floresce.
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Grande abraço e até o próximo mês!
Shirley Brandão
Mentora de Prosperidade Integral, escritora e terapeuta sistêmica
https://shirleybrandao.com.br/
@shirleybrandaooficial
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