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O que a Resistência Pode Provocar Diante de uma Comunicação Desafiadora?

A resistência pode travar conversas e desgastar relações. Descubra como a Comunicação Não Violenta ajuda a identificar necessidades não atendidas, reduzir conflitos e transformar conversas difíceis em oportunidades de conexão e entendimento

CNV: Como Lidar com a Resistência em Conversas Difíceis?

O que a Resistência Pode Provocar Diante de uma Comunicação Desafiadora?
E se Não Gosto, Não Concordo e Desconfio?

A resistência faz parte do ser humano, pois ativa mecanismos de defesa presentes em todos nós, especialmente diante de situações ou conversas difíceis e desafiadoras.

A resistência está relacionada às nossas crenças que, quando engatilhadas, podem se tornar rígidas, ficando diretamente conectadas às necessidades: atendidas, não atendidas ou parcialmente atendidas.

Quando sentimos resistência em uma comunicação, seja da nossa parte ou da do outro, uma série de mecanismos são então acionados e nenhum deles é confortável. Um dos mais marcantes é o julgamento, do qual não abrimos mão por orgulho. O outro precisa sofrer o que fez comigo e então não tem conversa que possa seguir em frente, a não ser que um dos dois se permita sair desse lugar.


1. Bloqueio na comunicação:

A resistência funciona como um muro. As palavras podem não fluir, as ideias não se conectam, e a conversa simplesmente para ou então se torna superficial. Na CNV, dizemos que as palavras podem ser janelas ou muros.


2. Intensificação do conflito:

Em vez de resolver, a resistência pode escalar a situação. A pessoa que sente a resistência pode se fechar ainda mais, ou reagir de forma defensiva, o que, por sua vez, pode gerar mais resistência no outro. E Friedrich Glasl descreve que existem nove estágios que representam a intensificação de um conflito, divididos em três níveis principais: ganha-ganha, ganha-perde e perde-perde.


3. Mal-entendidos e suposições:

Diante da resistência, tendemos a preencher as lacunas com nossas próprias interpretações, frequentemente distorcidas e negativas. Podemos supor que o outro está sendo teimoso, desinteressado ou até mesmo hostil, quando, na verdade, pode haver outras necessidades não atendidas. Porém, quando o conflito já foi escalado, dificilmente damos espaço para percebê-las.


4. Sentimento de frustração e impotência:

Tanto para quem resiste quanto para quem tenta comunicar, a sensação pode ser de estar “batendo cabeça” ou de não ser compreendido. Isso gera frustração e pode levar à desistência da comunicação, a desistência do outro, por considerá-la uma forma mais fácil, acreditando que resolve o problema “quando acha que esquece”, mas ele estará diante de você novamente, na primeira oportunidade.


5. Afetação do relacionamento:

A resistência persistente em conversas importantes pode minar a confiança e a intimidade entre as pessoas, criando assim uma distância emocional, possivelmente levando à demissão, mudança de área ou término da relação.


6. Manutenção de padrões negativos:

Se não abordamos a resistência, então os mesmos padrões de comunicação desafiadora tendem a se repetir, impedindo o crescimento e a evolução do relacionamento, levando isso ao longo da vida, sem se dar conta de que estamos fugindo.


7. Carga emocional pesada:

Lidar com resistência, seja própria ou alheia, consome muita energia emocional. Isso pode gerar estresse, ansiedade e até mesmo um sentimento de esgotamento. Além disso, essa sobrecarga pode refletir no corpo, desencadeando doenças como gastrite, úlceras, sinusites, resfriados, dores de garganta e até câncer.


Resolvi trazer esse tema, pois venho trabalhando nele de forma recorrente e uma das coisas que precisamos perguntar a nós mesmos é: em que momento da situação eu deixei de ser responsável por esse conflito?

É aí que entra a CNV e como ela pode nos apoiar no processo de reaprender a se comunicar.

A CNV, criada por Marshall Rosenberg, traz uma abordagem relacional para transformar essas dinâmicas. Ela nos convida a focar em observações destituídas de julgamentos moralizadores, identificar nossos sentimentos, reconhecer quais necessidades precisam ser atendidas e que definir que pedidos gostaria de fazer ao outro. Essa prática se aplica tanto a nós mesmos quanto ao outro.

Para ajudar a reaprender a se comunicar, podemos usar a CNV de várias formas, a saber:


1. Autoconsciência e Autocompaixão (Lidar com a NOSSA própria resistência):


1.1. Identificar a própria resistência:

Quando você sentir resistência em falar ou ouvir, pare e então se pergunte: “O que estou sentindo agora? Que necessidade minha não está sendo atendida que me leva a resistir?”. Pode ser a necessidade de segurança, de ser compreendido, de evitar conflito etc.

1.2. Praticar a autocompaixão:

Reconheça que sentir resistência é humano. Em vez de se julgar, acolha essa sensação. Diga a si mesma: “Está tudo bem sentir isso. É um sinal de que algo importante está em jogo para mim.”

1.3. Respirar e se conectar com suas necessidades:

Antes de reagir, respire fundo e busque identificar qual necessidade sua está por trás da resistência. Isso já pode começar a diminuir a tensão.


2. Abordagem Empática com o Outro (Lidar com a resistência do outro):


2.1. Escuta Empática:

Quando o outro demonstra resistência (se fecha, fala mais grosso, evita o assunto), o primeiro passo é escutar além das palavras. Ou seja, ouvir sem misturar com nossos próprios pensamentos e sem já preparar uma resposta, mas sim se perguntar: O que ele pode estar sentindo? Que necessidades dele podem não estar sendo atendidas?

Exemplo: Se alguém se fecha em uma conversa, então você pode buscar dizer: “Percebo que você ficou mais quieto agora. Você está se sentindo desconfortável com o que estamos conversando? Talvez a necessidade de se sentir seguro ou de ter tempo para processar seja importante para você neste momento?”

2.2. Focar nas Necessidades, Não nas Estratégias:

A resistência muitas vezes vem de uma necessidade não atendida, e a pessoa está usando uma estratégia (fechar-se, gritar) para tentar atendê-la. A CNV nos ensina a focar na necessidade subjacente. E se não sei qual a minha necessidade, então muito provavelmente minha estratégia será um tiro no pé.

Exemplo: Em vez de pensar “Ele está sendo teimoso”, então pense “Ele pode estar precisando de autonomia ou de ser ouvido antes de concordar”.

2.3. Pedir Permissão e Clareza:

Antes de insistir em um ponto, você pode perguntar, por exemplo: “Você estaria aberto(a) a ouvir o que eu tenho a dizer sobre isso?” ou “Seria um bom momento para falarmos sobre este assunto?”. Isso dá ao outro a chance de se preparar e de se sentir mais no controle.

2.4. Usar a Linguagem da CNV para Expressar-se:

Quando for sua vez de falar, use a estrutura da CNV:

  • Observação: Descreva o comportamento específico sem julgamento. “Quando você disse X…” ou “Quando eu vi você fazer Y…”
  • Sentimento: Expresse como você se sente. “…eu me senti frustrada/preocupada/triste…” Cuidado com os não sentimentos que muitas vezes também levam ao conflito: Ex.: “Sinto como se você não gostasse de mim”.
  • Necessidade: Conecte o sentimento a uma necessidade universal. “…para mim é importante a clareza / segurança / colaboração.”
2.5. Pedido:

Faça um pedido claro e concreto. “Você estaria disposto(a) a me explicar melhor o que quis dizer com isso?” ou “Podemos encontrar um momento mais calmo para conversar sobre isso?”. E também precisamos estar abertos a ouvir um não, ou seja, sem a expectativa de ouvir um sim, entendendo que isso não é nada pessoal.

2.6. Criar um Espaço Seguro para a Comunicação:
  • Estabelecer Acordos: No início de conversas importantes, desafiadoras e até difíceis, vocês podem acordar como vão se comunicar, por exemplo: “Vamos nos comprometer a ouvir um ao outro sem interrupções e procurar entender as necessidades por trás das palavras.”
  • Pausas e Recessos: Se a conversa ficar muito tensa, então a CNV sugere fazermos pausas: “Percebo que a conversa está ficando intensa. Que tal fazermos uma pausa de 15 minutos e depois retomarmos com mais calma?”

Em resumo, a CNV nos ensina que a resistência é um sinal de que alguma necessidade importante não está sendo atendida. Em vez de lutar contra ela, podemos transformá-la em um convite para uma escuta mais profunda e para a autoconsciência. Além disso, ela pode servir como ponto de partida para a busca de novas formas de atender às necessidades de todos os envolvidos.

É um processo de reaprender a se conectar, priorizando a compreensão mútua e o respeito.

E você, como tem lidado com suas resistências na comunicação?


Gostou do artigo?

Quer saber mais como lidar com a resistência para transformar conversas desafiadoras e difíceis em oportunidades de conexão? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em compartilhar mais sobre esse tema.

Um grande abraço e até o próximo artigo!

Wania Moraes Troyano
Especialista em Resiliência Científica e Neurociências
http://www.waniamoraes.com.br/

Confira também: Autocompaixão e Compaixão: Por que Precisamos das Duas em um Mundo Interdependente

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Wania Moraes Troyano possui MBA em Gestão de Negócios e Coaching, Pós-Graduada em Dinâmicas dos Grupos Administradora de Empresas e Pedagoga, com mais de 30 anos com sólida carreira corporativa em empresas multinacionais e em cargos de gestão e assessoria executiva. Foco em Desenvolvimento Humano, especialista em CNV-Comunicação Não Violenta, Coach em Resiliência, Profissional, Vida e Executivo, Neurocoaching, mentora e supervisora para líderes e coaches, com mais de 1000 horas em processos de Coaching. Facilitadora de Grupos. Especialista nos assessments de Estilos de Liderança e Resiliência. Palestrante e Facilitadora de Grupos. Facilitadora em Barras de Access – Expansão da Consciência. Co-autora do livro Coaching Aceleração de Resultados, Capítulo Quantos Antes Melhor! Programa Mulheres Poderosas, na alltv.com.br, todas as terças-feiras, 15h00 às 16h00. Voluntária em programas de Jovens Aprendizes.
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