fbpx

Impactos do Aumento de Tarifas na Inovação Tecnológica e de Produtos em Países Emergentes

O aumento de tarifas pode limitar mercados e cortar investimentos em P&D, mas também pode impulsionar a criatividade, abrir novos mercados e estimular políticas de inovação em países emergentes. Descubra como transformar barreiras em oportunidades estratégicas.

Impactos do Aumento de Tarifas na Inovação Tecnológica e de Produtos em Países Emergentes

Impactos do Aumento de Tarifas na Inovação Tecnológica e de Produtos em Países Emergentes

A crescente adoção de políticas protecionistas por grandes economias, como os Estados Unidos, tem reconfigurado as relações comerciais globais. Entre essas medidas, destaca-se o aumento de tarifas de importação direcionadas a produtos oriundos de países específicos, afetando especialmente economias emergentes.

Embora o objetivo declarado dessas tarifas seja proteger mercados internos ou pressionar mudanças estratégicas, os efeitos colaterais sobre a inovação tecnológica e o desenvolvimento de novos produtos nos países atingidos são profundos e ambíguos.

Quando uma nação emergente tem seu acesso restrito a mercados estratégicos devido a tarifas elevadas, especialmente de grandes potências econômicas, o impacto imediato é a redução de receitas das empresas exportadoras. Essa perda financeira compromete diretamente os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D).

Em setores onde a inovação depende do faturamento obtido com exportações — como eletrônicos, equipamentos industriais e produtos farmacêuticos —, os cortes orçamentários podem levar à paralisação de projetos, suspensão de laboratórios e perda de talentos.

Além da retração de recursos financeiros, há a perda de incentivo à melhoria contínua de produtos. Grandes mercados consumidores como os EUA impõem altos padrões regulatórios e técnicos, o que pressiona empresas exportadoras a se manterem atualizadas tecnologicamente.

Com o bloqueio de acesso, esse estímulo desaparece, podendo induzir à acomodação tecnológica, redução do investimento em certificações internacionais e desinteresse pela atualização de processos produtivos.

Outro ponto crítico é a possível desmobilização de setores intensivos em inovação.

Quando a exportação é inviabilizada, empresas podem encerrar linhas de produção, terceirizar atividades antes internalizadas ou mesmo abandonar projetos de longo prazo. Isso implica na perda de talentos qualificados, como engenheiros, designers e pesquisadores, que compõem a base da capacidade inovadora de um país.

Contudo, o cenário não é exclusivamente negativo.

Em alguns casos, a restrição de mercado externo pode funcionar como gatilho para a reorientação estratégica de empresas e governos. Em resposta à perda de espaço internacional, empresas podem buscar novos mercados, exigindo inovação adaptativa — isto é, a modificação de produtos e tecnologias para atender padrões e preferências de outras regiões.

Essa busca por diversificação geográfica pode gerar soluções mais criativas e eficientes, com potencial de crescimento em nichos antes inexplorados.

No plano doméstico, o bloqueio às exportações pode incentivar o reposicionamento de empresas no mercado interno. Para que possam manter suas operações, elas passam a desenvolver produtos mais acessíveis e voltados às demandas locais, promovendo inovações de custo, design e usabilidade.

Além disso, parte da capacidade produtiva ociosa pode ser redirecionada para atividades de pesquisa e desenvolvimento, desde que exista um mínimo de fôlego financeiro e ambiente institucional favorável.

Governos, por sua vez, tendem a reagir com políticas de estímulo à inovação, especialmente quando enxergam nas barreiras comerciais um risco à soberania econômica. Subsídios, linhas de crédito para P&D, apoio a startups e fortalecimento de universidades e centros de pesquisa tornam-se instrumentos recorrentes para reconstruir a capacidade tecnológica nacional.

Em resumo:

Impactos Negativos:

  • Redução de receitas, comprometendo investimentos em P&D;
  • Desmobilização de setores exportadores com alta intensidade tecnológica;
  • Perda de incentivos regulatórios para atualização técnica e inovação;
  • Risco de obsolescência tecnológica e isolamento de redes globais de inovação.

Impactos Positivos:

  • Estímulo à diversificação de mercados e inovação adaptativa;
  • Reposicionamento estratégico no mercado interno com foco em produtos acessíveis e inovadores;
  • Redirecionamento de capacidade produtiva para atividades de pesquisa e desenvolvimento;
  • Adoção de políticas públicas de estímulo à inovação, com subsídios, crédito para P&D e apoio a startups.

Assim, os impactos das tarifas não são lineares. Em países emergentes com instituições sólidas, ecossistemas de inovação estruturados e políticas industriais ativas, o choque inicial pode ser de fato revertido em uma oportunidade de transformação. Já em contextos frágeis, a tendência é o aprofundamento da dependência tecnológica bem como a perda de competitividade global.

Portanto, o aumento de tarifas imposto por grandes economias representa mais do que uma barreira comercial: é um teste à resiliência dos países emergentes em sua trajetória de desenvolvimento tecnológico. A resposta a esse desafio pode determinar não apenas sua posição nos mercados globais, mas sua capacidade de se tornar protagonista na economia do conhecimento.


Gostou do artigo? 

Quer entender melhor como políticas de aumento de tarifas podem afetar, ao mesmo tempo, a capacidade de inovação e a estratégia de mercado de países emergentes? Então, me chame no WhatsApp (12) 99605-1999. Terei o maior prazer em ajudar!

Até o próximo artigo!

Um abraço.

Marcelo Farhat
https://www.meetnetwork.net
https://www.linkedin.com/in/araujomf/

Confira também: Onde Estou no Ecossistema de Inovação? Entenda Seu Papel e Potencial de Conexão

Palavras-chave: impactos do aumento de tarifas, inovação tecnológica, países emergentes, políticas protecionistas, desenvolvimento de produtos, impactos das tarifas na inovação tecnológica, efeitos das tarifas em países emergentes, aumento de tarifas e desenvolvimento de produtos, barreiras comerciais e inovação tecnológica, políticas protecionistas e crescimento econômico

Referências

CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.

FREEMAN, Christopher; SOETE, Luc. A economia da inovação industrial. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

OCDE. Innovation policies for inclusive development. OECD Publishing, 2015.

VIOTTI, Eduardo B. Nacionalismo tecnológico, globalização e mudança institucional: um estudo sobre a política de inovação em países em desenvolvimento. Revista de Economia Política, v. 25, n. 1, p. 30–49, 2005.

Marcelo Farhat é mestre em engenharia da produção e qualidade pelo ITA, MBA em administração de recursos humanos pela FAAP e engenheiro mecânico pelo ITA. Consultor empresarial desde 2007 tendo apoiado a avaliação e estruturação de empresas em diversos ramos de atividade, onde implantou programas de inovação e empreendedorismo, visando a evolução e expansão dos negócios dos clientes. Mentor de diversas startups nos programas de aceleração Inovativa do Governo Federal e HackBrasil do MIT. Professor da disciplina Confiabilidade de Sistemas no Instituto Tecnológico de Aeronáutica e para empresas de diversos segmentos, como mineração, aeronáutica, geração de energia. Diretor de empreendedorismo e inovação na ABCO (Associação Brasileira de Consultores) e sócio da souzAraujo Consultoria Empresarial. Desenvolveu, em parceria com o ITA e apoio do CNPq, o MEET – diagnóstico e benchmarking, ferramenta de diagnóstico dos processos organizacionais de empresas que identifica as forças e fraquezas das organizações avaliadas, além de realizar a comparação com os resultados obtidos pelo conjunto de empresas previamente avaliado, cuja aplicação é efetuada em um software na nuvem de dados por consultores credenciados em suas regiões de atuação.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa