fbpx

Sharenting: Você sabe como isso diz respeito aos seus filhos?

Sharenting pode afetar o bem-estar, segurança e identidade digital das crianças. Descubra os principais riscos dessa prática e veja 10 dicas de especialistas que os pais podem adotar de forma consciente para proteger seus filhos no mundo digital.

Sharenting: Os Riscos Ocultos em Compartilhar Fotos dos Filhos nas Redes Sociais

Sharenting: Você sabe como isso diz respeito aos seus filhos?

A ascensão das redes sociais transformou radicalmente a maneira como interagimos, comunicamos e compartilhamos informações. Nesse cenário digital, como sabemos em constante evolução, surge um fenômeno complexo e multifacetado: o sharenting.

O termo, uma junção das palavras em inglês “share” (compartilhar) e “parenting” (parentalidade), refere-se à prática dos pais de compartilhar online informações, fotos e vídeos de seus filhos, principalmente em plataformas de mídia social.

Embora a intenção por trás do sharenting muitas vezes seja positiva — celebrar marcos do desenvolvimento infantil, conectar-se com familiares e amigos distantes, ou até mesmo buscar apoio e compartilhar experiências com outras famílias — essa prática levanta uma série de questões cruciais sobre privacidade, segurança e o impacto, a longo prazo, no desenvolvimento humano das crianças.

Em um mundo onde a pegada digital se torna cada vez mais indelével, é imperativo analisar os desafios inerentes ao sharenting e oferecer orientações para uma abordagem mais consciente e responsável. A aparentemente inocente prática de compartilhar momentos da vida das crianças em redes sociais pode acarretar uma série de questões éticas e de segurança, por exemplo:


1. Violação da privacidade:

A exposição constante da imagem e informações pessoais da criança (que obviamente ocorre sem o seu consentimento), representa uma invasão de privacidade. Desde os primeiros anos de vida, a criança tem sua intimidade exposta ao público, criando assim um histórico digital que ela não controlou e nem escolheu. Essa falta de autonomia sobre sua própria imagem pode ter implicações psicológicas no futuro, afetando sua autoestima e senso de identidade;


2. Riscos de segurança e exploração:

Compartilhar detalhes como a rotina da criança, localização em tempo real ou informações sobre seu status social pode, inadvertidamente, atrair a atenção de predadores e pessoas mal-intencionadas. Fotos e vídeos, mesmo os considerados inofensivos, podem ser manipulados e utilizados em contextos prejudiciais, incluindo a exploração sexual infantil. É bem tênue o limite seguro de compartilhar com um círculo restrito de amigos e familiares vis-à-vis a exposição para um público desconhecido.


3. Impacto no desenvolvimento da identidade:

À medida que as crianças crescem, elas desenvolvem a própria identidade e desejam controlar a forma como são percebidas pelo mundo. O sharenting precoce pode moldar uma identidade digital preexistente, construída pelos pais, não alinhada com a autoimagem que a criança desenvolve ao longo do tempo. Isso pode gerar conflitos, constrangimento e dificuldades na construção de uma identidade autêntica na vida adulta.


4. Pressão social e comparação:

A exposição constante à vida idealizada de outras crianças pode gerar, naquelas crianças que crescem sob o julgamento crítico das redes sociais, sentimentos de inadequação, inveja e pressão para corresponder a padrões irreais. A comparação constante com os “melhores momentos” compartilhados por outras famílias pode, de fato, afetar negativamente a autoestima e o bem-estar emocional.


5. Perda do direito ao anonimato:

Em um mundo cada vez mais vigiado e com tecnologias de reconhecimento facial em desenvolvimento, a vasta quantidade de informações e imagens de uma criança pode comprometer seu direito ao anonimato no futuro. Isso pode ter implicações em diversas áreas, desde oportunidades de emprego até a possibilidade de ela ser rastreada e identificada em diferentes contextos.


6. Implicações legais futuras:

Embora as implicações legais do sharenting ainda precisam ser debatidas e definidas em diferentes contextos é possível que, no futuro, crianças que tiveram sua privacidade excessivamente exposta por seus pais busquem recursos legais por danos morais e violação de direitos. A falta de legislação específica torna esse um campo complexo e em constante evolução.


Diante dos desafios e riscos apresentados pelo sharenting, conforme descrito acima, é fundamental que os pais adotem uma abordagem mais consciente e responsável ao compartilhar informações sobre seus filhos.

Algumas orientações importantes dadas por especialistas de várias áreas de estudo, que não se esgotam aqui, incluem:

1. Priorizar a privacidade da criança:

Antes de compartilhar qualquer informação, foto ou vídeo, os pais devem se colocar no lugar da criança e questionar se a exposição seria algo que eles gostariam para si mesmos. A privacidade da criança tem prioridade máxima.

2. Obter consentimento (quando possível):

À medida que a criança cresce e desenvolve a capacidade de compreender, é crucial obter seu consentimento antes de compartilhar informações sobre ela. Respeitar sua decisão, mesmo que diferente da dos pais, é fundamental para promover sua autonomia e senso de respeito.

3. Limitar a quantidade e a qualidade das Informações Compartilhadas:

Evitar o compartilhamento excessivo de detalhes pessoais, como a rotina diária, localização em tempo real, informações sobre a escola ou atividades extracurriculares. Optar por compartilhar apenas momentos significativos e relevantes, com moderação.

4. Configurar as opções de privacidade:

Utilizar as configurações de privacidade das plataformas de mídia social para limitar o público que pode visualizar as publicações. Compartilhar apenas com um círculo restrito de amigos e familiares de confiança.

5. Ter cuidado com o conteúdo compartilhado:

Evitar a publicação de fotos ou vídeos que possam ser considerados constrangedores, humilhantes ou que exponham a criança a situações vulneráveis. Pensar nas possíveis interpretações e no impacto futuro dessas imagens.

6. Considerar os riscos de compartilhamento em redes públicas:

Os pais devem ter muito cuidado ao divulgarem informações em plataformas abertas, onde o conteúdo pode ser facilmente acessado, copiado e compartilhado por público desconhecido.

7. Educar-se sobre os riscos do universo online:

Os pais precisam se manter informados sobre os riscos associados ao compartilhamento online, em que estão atuantes o cibercrime, a exploração infantil e a manipulação de imagens. Ter medidas de segurança para proteger a família é essencial neste cenário.

8. Criar diálogo aberto com a criança:

À medida que a criança cresce, conversar sobre os riscos e benefícios da internet e das redes sociais é obrigação dos pais. Ensinar sobre privacidade, segurança e importância de proteger informações pessoais também deve estar na agenda.

9. Respeitar o direito ao anonimato:

Os pais devem compreender que as informações compartilhadas online podem permanecer na internet indefinidamente. Considerar o impacto a longo prazo dessas publicações na vida da criança e respeitar seu direito de ter um passado digital mais reservado.

10. Perseguir sempre o equilíbrio:

Atenção sempre presente está em encontrar um equilíbrio saudável entre compartilhar momentos especiais e proteger a privacidade e a segurança da criança. A celebração e a conexão podem ocorrer de maneiras mais privadas e seguras.


A responsabilidade de proteger as crianças no ambiente digital não recai apenas sobre os pais.

A sociedade como um todo e as plataformas de mídia social também têm papel crucial a desempenhar. É necessário promover a conscientização sobre os riscos do sharenting, desenvolver diretrizes éticas, legislação e regulamentações que protejam os direitos das crianças, e, além disso, implementar mecanismos eficazes para prevenir a exploração e o abuso.

As plataformas digitais, em particular, devem investir em ferramentas e recursos que permitam aos pais melhor gestão da privacidade de seus filhos, oferecer informações claras sobre os riscos e as melhores práticas, e — sem dúvida — agir prontamente em casos de conteúdo prejudicial ou exploração. Enfim, o sharenting é um fenômeno complexo que reflete a interseção entre a parentalidade e a cultura digital contemporânea.

Embora a intenção dos pais muitas vezes seja positiva, é crucial reconhecer os desafios significativos que essa prática pode apresentar para a privacidade, segurança e o desenvolvimento humano das crianças. Ao adotar abordagem consciente e responsável, priorizando a privacidade e o bem-estar de seus filhos, os pais podem mitigar os riscos do sharenting e assim garantir que a experiência online deles seja mais segura e positiva.

Por fim, a educação, o diálogo aberto e a colaboração entre pais, sociedade e plataformas digitais são essenciais para construir um ambiente online mais protetor e respeitoso para as futuras gerações. Em um mundo cada vez mais digitalizado, a proteção da infância é um imperativo ético e social que não pode ser negligenciado.

Que fique bem evidente que esta postagem explora os desafios do sharenting pela perspectiva de orientação a quem tem filhos, mas como potencial motivação de um olhar de atenção para profissionais de RH e de desenvolvimento humano.


Gostou do artigo?

Quer saber mais quais são os principais riscos associados ao sharenting bem como medidas que os pais podem adotar para proteger a privacidade e o bem-estar digital dos filhos? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar sobre isso!

Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais ou, então, acesse meu site www.mariodivo.com.br.

Até nossa próxima postagem!

Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br

Confira também: Marketing ou Publicidade? Um estudo comparativo sobre relacionamento com stakeholders

Palavras-chave: sharenting, o que é sharenting, privacidade infantil, segurança digital, identidade digital, direito ao anonimato, compartilhamento de fotos de filhos, pais nas redes sociais, exposição infantil na internet, pegada digital das crianças, riscos do sharenting, quais são os riscos do sharenting
Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa