fbpx

O “Efeito Lúcifer” nas nossas relações diárias!

É necessário ter muita atenção e cuidado para evitar que o “Efeito Lúcifer” aconteça, trazendo relação indesejada e cruel com os subordinados, o que pode levar a afastamentos, desligamentos e doenças laborais.

O “Efeito Lúcifer” nas nossas relações diárias!

O “Efeito Lúcifer” nas nossas relações diárias!

Meus amigos, eu havia prometido que trataria com mais detalhes do tema “METAVERSO”, mas decidi adiar para a próxima postagem. E trago hoje outro assunto extremamente importante à nossa reflexão. Afinal, estamos em meio a um momento complicado na História humana, em que uma agressiva pandemia e as baixas perspectivas econômicas ameaçam as pessoas. Dessa maneira, gerando demissões, falta de oportunidades profissionais, reforma nas relações capital e trabalho, e muitas dívidas que as famílias não conseguem saldar.

Como é simples entender, tudo isso gera impactos emocionais e muda a forma como as pessoas se relacionam. Para abordar meu ponto de vista, é fundamental explicar o que significa “Efeito Lúcifer”; nome que consagrou experimento comandado pelo psicólogo americano Philip Zimbardo, realizado com estudantes da Universidade de Stanford, nos EUA, em 1971. Ele é considerado um dos mais famosos experimentos na Psicologia e, depois, estimulou seguidos estudos e pesquisas a respeito de uma questão básica:

O quão frágil é a linha que separa o “bem” do “mal”? Ou, em outras palavras, em que situação uma pessoa muda a forma de se relacionar com as que estão à sua volta?

Clique aqui para conhecer os detalhes desse experimento.

O “Experimento de Aprisionamento de Stanford” deveria ter durado duas semanas, mas foi finalizado após seis dias, dado que o comportamento das pessoas envolvidas estava saindo do controle dos pesquisadores. No Youtube há o filme retratando esse experimento, lançado em 2015. O que interessa para esta minha postagem está em explorar as conclusões tiradas dos estudos subsequentes ao experimento, os quais avançaram em abordar perguntas como estas: Como entender os conceitos de “pessoa boa” e de “pessoa má” pelos conhecimentos que temos da Filosofia e da Psicologia? E, em se tratando de ambiente profissional, como fatores externos à pessoa podem influenciar a maldade, a bondade ou a transformação de um líder assumindo comportamento vil e desumano junto aos seus subordinados?

A conclusão que se tem, a partir dos estudos realizados, é que ambientes doentes e tóxicos podem gerar situações extremas, levando pessoas “boas” a se comportarem de maneira oposta à sua natureza. Em uma empresa, por exemplo, há contextos e normas que geram competição, influenciando as ações dos gestores sobre aqueles que lhe são subordinados, muitas vezes estimulando a forma de relacionamento abusiva. O próprio Zimbardo escreveu, em um de seus trabalhos, que:

“… a humanidade cresceu e se desenvolveu na sombra da dualidade certo ou errado, separando os indivíduos em bons ou maus, porém a linha divisória do comportamento humano tem mais tons de cinza do que o preto e branco que o folclore popular afirma”.

Zimbardo identificou, ainda, os sete passos que podem fazer com que pessoas boas sejam capazes de atitudes más, a saber:

  • dar o primeiro pequeno passo sem pensar (agir contra o outro por impulso);
  • desumanização própria (comparar-se a outras pessoas e entender que sua maldade tem justificativa em similares);
  • desumanização do outro (é mais fácil fazer mal a alguém quando não se conhece essa pessoa);
  • difusão da responsabilidade pessoal (dividir a responsabilidade de um ato com outras pessoas);
  • obediência cega à autoridade (não pensa e nem mede as consequências);
  • adesão passiva às normas do grupo (o sistema ou o grupo justificam as ações) e;
  • tolerância passiva à maldade através da inatividade ou indiferença.

A expressão “Efeito Lúcifer” se tornou referência na Psicologia Social para estudos relacionados à compreensão do comportamento desumano, entre pessoas em sociedade. Além de utilizada como título de várias publicações que exploram o assunto, essa expressão acabou sendo sinônimo de situações onde ocorre a banalização do mal. O livro lançado por Zimbardo, em 2007, com o título “Efeito Lúcifer” tem mais de 700 páginas e procura motivar as pessoas a resistirem às más tentações que o poder acaba gerando. Mesmo naquelas que se sentem e se identificam como “boas”.

Quando se trata de “poder”, é necessário esclarecer que existem diferentes tipos de poder, os quais dependerão do sistema, da empresa, da instituição ou mesmo das normas estabelecidas por um grupo. E o “Efeito Lúcifer” diz respeito a como e em que condições alguém fará uso desse poder para, na condição de autoridade, impor coercitivamente a sua vontade e definir (nem sempre, mas às vezes até de maneira sádica) o que os outros devem realizar. Para mostrar o quanto esses conceitos de “pessoa boa” ou “pessoa má” estão interligados, a capa do livro de Zimbardo (bem como muitos outros estudos a respeito do tema) utiliza como ilustração uma situação emblemática, de M.C. Escher.

O “Efeito Lúcifer” nas nossas relações diárias!

Escher foi um artista gráfico holandês, famoso por seus trabalhos com ilusão de óptica, tendo deixado milhares de desenhos e esboços, além de ilustrações para discos, livros, murais, selos e até tapeçarias. Na obra “A ilusão de anjos e demônios”, três verdades psicológicas emergem, a saber:

  • o mundo está repleto do que chamamos de “bem” ou de “mal” – esteve, está e sempre estará;
  • a barreira entre o bem e o mal é permeável, tênue, nebulosa e com vários tons de cinza, e;
  • é possível que os anjos se tornem demônios e, talvez mais difíceis de conceber, por demônios que possam se transformar em anjos.

Em conclusão, e trazendo todo esse contexto para o nosso dia a dia pessoal e profissional, não é difícil identificar que o “Efeito Lúcifer” está ocorrendo no ambiente das empresas, instituições e organizações em geral. É muito comum encontrarmos gestores e lideranças que abandonam o seu verdadeiro “eu”, que acreditam ser de uma “pessoa boa”, para se assumirem como personagem a serviço de causas e ordens que acabam assim por explorar os subordinados em diferentes níveis (morais, espirituais e físicos). Por conta de recompensas nascidas de seus resultados, então o comportamento do líder muda e os demais deixam de ser vistos como seres humanos, assumindo apenas e tão somente a importância de mais um recurso a ser explorado.

Aos gestores e líderes esta postagem serve como alerta. O comportamento individual de cada pessoa pode sofrer grande influência do ambiente tóxico e das circunstâncias em torno das exigências de resultados. É necessário ter muita atenção e cuidado para evitar que o “Efeito Lúcifer” aconteça, trazendo relação indesejada e cruel com os subordinados; o que pode levar a afastamentos, desligamentos e doenças laborais.

Conforme o próprio Zimbardo:

“dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário; e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona” (Philip Zimbardo).

Recado final a quem lida com intervenção humana, especialmente aos coaches e mentores. Conforme especialistas concluíram, e resumidamente, os programas de treinamento e desenvolvimento de gestores (ou de lideranças) precisam ter novo enfoque. Tenta-se construir lideranças transformadoras, mas, de fato, todo o ambiente deve ser repensado, a partir de uma estrutura de relacionamentos transparente, coerente e comprometida com valores, princípios, propósitos e visão que estão, infelizmente e a cada dia, sendo trocados apenas e tão somente por resultados de curto prazo.

Gostou do artigo? Quer entender mais sobre o “Efeito Lúcifer” nas nossas relações diárias? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Um forte abraço!

Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br

Confira também: Do Mundo VUCA ao METAVERSO!

 

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa