Às Vezes Você Falha… E tudo bem!
Alguns de nós são programados para não falhar nunca e nos comportamos como se fôssemos heróis 100% do tempo, escondendo nossas fragilidades.
Eu devia ter entregado este artigo há cinco dias. Mas falhei. Fiquei horas diante do computador com a página em branco, embora dezenas de ideias pipocassem em minha mente: milhões de emoções e sentimentos e nenhuma palavra. Branco total.
Para quem escreve desde sempre, uma novidade incômoda que me fez congelar ao pensar nas reações e julgamentos, e que me fez sofrer. Mentir virtualmente é fácil porque você cria algo que não existe e que passa a ser verdade – a realidade é mais difícil.
A verdade é que estou extremamente vulnerável porque tive um infarto há um mês. E não é fácil mostrar a vulnerabilidade, pois somos bons em acolher os outros, mas não a nós mesmos. Mas hoje, conversando com uma pessoa muito querida, entendi que é apenas mais um rito de passagem, um reencontro comigo mesma, só que com um novo coração. Toda a bagagem está lá, intacta, acrescida de mais uma experiência – como ela disse, com todos os ingredientes para uma nova temporada.
Se a bagagem está lá, por que não a usar? Como Coach, minha missão é levar as pessoas à ação para realizarem seus objetivos, sonhos, desejos e para isso uso dezenas de ferramentas que se aplicam aos diversos contextos.
Uma conversa é sempre inspiradora: se esta coluna se chama Coaching no dia a dia, como posso aplicar para realizar a minha tarefa de hoje? A inspiração pode ser um trabalho, uma meta, uma necessidade ou… até um artigo. As ferramentas, são as mesmas.
O começo de tudo é sempre definindo um objetivo.
Esse objetivo, antes de tudo, tem que ser claro e específico, viável (ou pediríamos a loteria), importante a ponto de fazer diferença na vida, relevante, e ter um tempo para ser realizado.
Assim é meu objetivo – ou tarefa – de hoje: escrever um artigo para esta coluna, um compromisso que assumi por escolha.
Por trás do objetivo, há um motivo para querer realizar.
Há o que motiva, o que sabota, e os valores que me dizem por que é importante fazer, realizar, executar. Reflexões que fortalecem a busca do sucesso da tarefa proposta.
Basicamente o que me motiva e direciona a escrever é levar uma mensagem de quem sou, de como penso e trabalho, para informar, inspirar e, quem sabe, levar pessoas à ação. Por outro lado, um receio da reação dos leitores, espreita dentro de mim e tenta, de todas as maneiras, me sabotar. Mas o que posso perder com isso e quanto isso é relevante para mim? Supero esse medo fortalecendo os valores que me conduzem na vida – dar o meu melhor sempre para fazer a diferença, ainda que pequena.
Não basta, no entanto, escolher um objetivo, juntar a motivação necessária e minimizar o papel dos sabotadores.
É preciso definir estratégias para efetivamente chegar à realização, porque nada acontece sem planejamento e ação.
Decisão tomada, sigo para a estratégia que vou usar para escrever o artigo. Em primeiro lugar, usar de toda a honestidade aplicando em mim as ferramentas mais comuns em um processo de autocoaching. Relembro fatos e emoções, faço notas, uso meus conhecimentos. Não vou terceirizar o trabalho e vou assumir o compromisso.
Parece fácil. Mais fácil do que é realmente, porque todos temos um Crítico Interno que trabalha contra nossos desejos o tempo todo com frases do tipo “Eu nunca vou conseguir alcançar essa meta”.
E o meu Crítico Interno, que apelidei de “Pentelho”, se apresenta com toda sua autoridade, repetindo muitas vezes que “expor-se assim é uma besteira muito grande, logo eu, que sou tão discreta”. Temos uma discussão acalorada – literalmente eu comigo mesma – e consigo calar essa voz interna que apenas realça minhas fraquezas.
Pronto! Dei o primeiro passo para alcançar o meu objetivo do dia. Fiz a escolha, analisei e superei os obstáculos e parto para a ação.
Sento-me diante do computador e depois de algum tempo as palavras começam a fluir. Construo frases, busco exemplos, exploro fatos e trago à memória as centenas de vezes que conduzi alguém na busca de seu objetivo, sonho, desejo – o primeiro passo é sempre o mais difícil porque é preciso livrar-se das amarras, das crenças que limitam, do medo do compromisso, da falta de motivação.
O infarto volta à cena e reconheço claramente o privilégio que é ter chegado até aqui. E nesse momento, infarto e Coaching se tocam: como Coach aprendo habilidades e gerencio para que elas sirvam ao cliente, já que a conversa leva a entender quais são os pontos escuros. Nesse momento, as habilidades servem a mim mesma e consigo entender meu momento graças às perguntas que me faço, como “a mosca irritante de Sócrates”.
Pela primeira vez foco apenas no presente e entendo que não há controle sobre a vida – que ela oscila, tem altos e baixos, e que é preciso manter a atenção plena no agora. O passado ficou para trás. O futuro ainda não existe. O que há é apenas o presente.
Ao deixar para trás as tarefas não acabadas, os planejamentos não cumpridos, as propostas não efetivadas, é possível superar a culpa e ver um futuro brilhante, de pura alegria e compartilhamento. O que passou, acabou. Com paciência, de tarefa em tarefa, vou fazendo tudo que quero, preciso e desejo fazer, aceitando que posso, sim, falhar.
E você, comporta-se como um herói 100% do tempo?
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre a aceitação de suas fragilidades e falhas? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Isabel C Franchon
https://www.q3agencia.com.br
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