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Um caso desafiador aos Coaches!

Você começa a trabalhar com um cliente executivo cuja reclamação principal é de que essa nova postura de governança atrapalha a condução dos projetos. Como você como Coach conduziria o assunto?

Vou contar aqui um caso real acompanhado por mim, obviamente omitindo os nomes dos personagens, para que sirva como exemplo de situações com as quais um Coach pode se defrontar. Esse caso tanto pode ser analisado na ótica individual (o cliente único) ou na perspectiva de integração de uma equipe.

Para começar, é necessário contextualizar o caso. O personagem central é um executivo brasileiro de alto nível, vinculado a uma empresa americana de tecnologia digital, com sede em Nova Iorque. O campo de atuação do executivo é no Brasil, mas seus projetos atendem especificações internacionais e são implantados em várias locações (até fora do Brasil). A remuneração dele e de sua equipe, no Brasil, é em função do cumprimento de cronogramas e da liberação dos projetos à implementação. Nos EUA, recentemente a governança dos projetos passou a ser de um americano qualificado e experiente, assessorado por outros profissionais que respondem pela gestão técnica dos projetos.

Essa relação vinha sendo muito boa, até poucos meses atrás. Atualmente, as repercussões totalmente negativas sobre o Brasil (nem preciso explicar os motivos da afirmação), acabam repercutindo de diferentes formas, atrapalhando a condução normal de muitos negócios e projetos. A governança americana começou a exigir reuniões periódicas (a cada quinze dias com a presença pessoal desse executivo junto ao time americano).

A reclamação principal de meu amigo pessoal e “cliente” é de que toda essa nova postura de governança atrapalha a condução dos projetos. Dados que são solicitados, frequentes relatórios e apresentações, isso desvia e consome o tempo do time de brasileiros que poderia se dedicar à consecução dos projetos. Em outras palavras, ao invés de aplicar tempo e competência no projeto, gasta-se recursos para reuniões e mais reuniões, colocando em risco a viabilidade de prazos acertados.

Na visão desse executivo, pior que a demanda por informações tão detalhadas e em curto espaço de tempo, é que não há qualquer decisão tomada que não seja a partir de uma reunião na sede da empresa, com participação de toda a equipe americana. E lá, o gestor do projeto exercita a sua autoridade menos pela competência e mais pela maneira grosseira de se dirigir às pessoas. Como é natural, os subordinados desse gestor também exercitavam a grosseria do chefe.

Abstraindo de detalhes menores, se você estivesse dando sua atenção profissional a este caso, como conduziria o assunto? Melhor perguntando, qual você esperaria ser o verdadeiro problema (objetivo) que o cliente quer ver resolvido? Qual a ponta dessa linha de um novelo complicado, envolvendo o ego e o comportamento de pessoas?

Pois bem, vou dar uma dica de qual foi o desfecho dessa história. A partir de certo momento, o executivo brasileiro queria mesmo era resgatar o respeito e os compromissos como aconteciam no passado. Queria a liberdade de volta para conseguir atender a agenda técnica da empresa, sem desperdício de tempo em viagens cansativas e nada produtivas.

Foi quando, em uma reunião com o time americano, fez seu desafio: “A maneira como vocês querem gerenciar não funciona e só gera problemas… Deixem-me fazer do meu jeito, como sempre deu certo”. Questionado de como ficaria a empresa, se essa liberdade não funcionasse como o executivo afirmava, a resposta foi forte: ”Vocês me demitem e contratam outro que faça como estão querendo”.

Alguém pode imaginar o resultado do conflito? Façam suas apostas, mas posso afirmar que a relação dos times voltou às mil maravilhas. Tudo porque o enfrentamento que aconteceu não foi pessoal e sim profissional. O executivo brasileiro não contestou o potencial individual de seus colegas americanos, mas soube contestar diretamente uma orientação que, com o tempo, seria danosa.

Claro, algum nível de controle os superiores devem ter, mas sem beirar a paranoia. Moral da história: se você tem fé na sua posição pessoal e profissional, muitas vezes é necessário colocar o próprio pescoço a risco. Se não der certo e você for demitido, talvez esteja aí uma motivação a buscar nova colocação mais de acordo com suas expectativas e princípios. E, se der certo (como na maioria das vezes acaba dando), restabelece-se novo equilíbrio de forças e a competência profissional é mais valorizada.

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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