Uma das propostas de se criar o Espaço do Coach foi a de direcionar conteúdo bastante atualizado, às vezes até em uma linguagem provocativa, de forma que o profissional dedicado ao Coaching possa ampliar sua visão sobre a disciplina e alcançar a reflexão pessoal naquilo que lhe é peculiar, específico e aplicável ao seu cotidiano. E hoje, mais uma vez, o assunto é relevante e chega “saído do forno”.
De que forma você responderia esta pergunta, caso um potencial cliente a fizesse: Como se define uma cultura de Coaching na empresa? Como a organização deve encarar esse desafio?
Pois bem, vou me orientar por um estudo divulgado há dois meses na publicação Coaching: An International Journal of Theory, Research and Practice (o artigo chama-se Developing coaching cultures: a review of the literature, de Helen Gormleya e Christian van Nieuwerburghb, ambos do Reino Unido). Os autores promoveram uma extensiva investigação quanto ao que existe publicado na área de Coaching e uma primeira conclusão, muito interessante e surpreendente até, é a de que “não existe definição de Coaching comum e perfeitamente aceita entre todos os estudiosos”.
Por essa razão, os autores colaboram ao citar que o Coaching “é um processo de desenvolvimento humano que envolve, de forma estruturada e com interação focada, a utilização de estratégias, ferramentas e técnicas apropriadas para promover uma desejável mudança sustentável em benefício do cliente e, potencialmente, para todos as partes interessadas”. E a síntese dessa definição foi dada pela expressão “é desbloquear o potencial das pessoas para maximizar o seu próprio desempenho”.
Como está explícito no título do trabalho publicado, o interesse dos autores era verificar os caminhos para uma organização desenvolver sua própria cultura em Coaching. Para a conclusão da pesquisa, foram consultadas três bases de dados: PsycINFO, Academic search complete and Business source complete. O total de artigos encontrados sobre Coaching, nessas três bases, foi de 3820, 3753 e 1730 (respectivamente). Porém, quando se trata “do como” e “da importância” em desenvolver a cultura de Coaching, o número de trabalhos caiu de forma drástica: 29, 68 e 37 (respectivamente).
Portanto, meus amigos, aproveitem esta postagem que trata de algo muito pouco divulgado para os profissionais. Ainda que aquilo que vem a seguir possa fazer sentido lógico, agora estou dando a sustentação de pesquisadores para os futuros esforços em desenvolvimento da cultura do Coaching. E começo por comentar que, segundo Helen e Christian, “a cultura de Coaching existirá dentro de uma organização quando estiver incorporada, de forma transparente, a abordagem de Coaching no desenvolvimento dos planos estratégicos. A cultura de Coaching deve motivar as pessoas e facilitar a cooperação, colaboração e conexão, tanto dentro da organização como com as partes interessadas (stakeholders). Só assim haverá clima organizacional favorável à obtenção de resultados sustentáveis”.
Os autores apontam um tópico complexo que merece mais estudos no campo. Mostrou-se evidente que há indicadores iniciais de que a cultura de Coaching na organização pode produzir bons resultados, embora ainda haja a necessidade de criar métricas para apresentar esses resultados em uma forma mensurável. E, como complemento, os autores dão a receita para se criar a cultura de Coaching na organização, com menos riscos e mais potencial de sucesso: (a) a promoção do Coaching deve alcançar toda a organização e ser liderada pelos gerentes de mais alto nível; (b) o Coaching não pode ser tratado como atividade isolada, mas deve ser tratado internamente como parte integrante do sistema organizacional; (c) é essencial que haja o compromisso dos gerentes e de outras lideranças com o desenvolvimento de suas próprias capacidades e competências, participando ativamente de todo o processo como Coaches e como Coachees.
Ah, sim! Tem uma dica para lá de fundamental… Não vá com tanta “sede ao pote”… Mudar uma cultura organizacional não é algo que se faça por decreto, mas sim com prática consistente e bem conduzida!
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