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Governança Familiar

Qual o propósito principal da sua família? Muitos responderão de maneira automática que o propósito da família é ser feliz, claro! Mas, exatamente o que faz da sua família uma família feliz?

Olá!

Você já deve ter ouvido a expressão governança corporativa. Se não ouviu ainda nos telejornais ou nos comerciais da Petrobras, governança é um conjunto de regras e políticas que visam a manutenção do propósito e sustentação de uma organização. De maneira simples, significa uma lista de coisas que podem e que não podem ser feitas pelos membros da organização.

A semana que se encerrou foi de grande importância para a maioria das famílias que celebram a Páscoa tenham elas um viés religioso ou somente social com chocolate e folia. O fato é que de uma maneira ou de outra, as celebrações do final de semana tinham como foco principal a família e sua continuidade.

Refletindo um pouco sobre este tema eu me pergunto como estas famílias estão olhando para seu futuro como uma unidade?

Tomemos por exemplo a sua família:

Qual o propósito principal da sua família?

Muitos responderão de maneira automática que o propósito da família é ser feliz, claro!

Ok, podemos trabalhar com este conceito, mas exatamente o que faz da sua família uma família feliz?

A proximidade?

O falar-se todo o dia?

A individualidade?

Uniformidade ou independência?

Conquistas materiais?

Muitas destas coisas podem ser conflitantes entre si e entre os próprios membros da família o que de maneira geral acaba por neutralizar o sentido de continuidade e fazendo com que a família não exista como um grupo coeso com um propósito e siga por décadas e mais décadas como um conjunto de indivíduos com objetivos distintos que compartilham fatores genéticos e só.

Meu trabalho como conselheiro de indivíduos, famílias e empresas me permite uma visão privilegiada deste cenário onde posso verificar que o dilema principal reside no fato dos membros de um grupo almejarem ao mesmo tempo ser acolhidos e protegidos pelo seu grupo, mas, continuar com sua individualidade e liberdade de decisões.

A conta não fecha.

Você não pode ser livre para fazer o que bem entende na hora que bem entende e ainda assim ser parte de um grupo. Acredito que serei crucificado pelo que vou dizer agora, mas, para fazer parte de um grupo de maneira autentica é fundamental que as liberdades individuais sejam limitadas.

Não. Você não pode fazer o que quer na hora que quer.

Voltamos então ao ponto original da nossa conversa:

Você acredita que sua família deva sobreviver como uma organização sustentável ao longo do tempo?

Que as novas gerações sejam multiplicadoras do patrimônio construído?

Que os valores e cultura dos seus antepassados devam ser preservados?

Que em vinte anos ou mais, o almoço de Páscoa seja um evento esperado por todos?

Se sua resposta foi sim para pelo menos uma destas perguntas, então você precisará de uma governança familiar. Um conjunto simples de regras que protegem o grupo, orienta os novos entrantes e guia àqueles que nascem no grupo. Preparei uma pequena lista de coisas que vão te ajudar, baseada em minha experiência que, portanto não tem a menor intenção de esgotar o assunto. Use somente se fizer sentido.

  • A família vem em primeiro lugar;
  • Não existe sucesso que valha a pena perante o fracasso familiar;
  • Os mais velhos merecem atenção, carinho e acima de tudo respeito por sua história;
  • Os jovens têm direito a fazer escolhas e os adultos o dever de orientar estas escolhas;
  • A realização deve vir antes do dinheiro, mas as necessidades básicas vêm antes da realização;
  • Somente será cobrado aquilo que é executado antes pelo cobrador;
  • Conte histórias sobre os que se foram e tire delas ensinamentos;
  • Preserve o patrimônio individual e coletivo;
  • Ensine aos mais novos as tradições familiares;
  • Acolha os que chegam por matrimônio e ensine seus valores;
  • Promova a integração e a manutenção das relações;
  • Ofereça apoio sempre, mas respeite o espaço individual.

Por fim, se você está no comando de sua organização familiar, assuma a posição de liderar seu grupo com firmeza, lembrando sempre que liderança não é chefia e que, portanto, você somente será um líder se as pessoas de seu grupo concordarem em segui-lo de livre e espontânea vontade. Seja um exemplo a ser seguido.

Para concluir, deixo a frase dita por meu filho durante sua preparação para os vestibulares:

“Viver nesta família é simples. A gente pode muita coisa, mas o que não pode, não pode nem F#@ amp;!.”

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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