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Falar menos e escutar mais: a regra de ouro que os executivos esqueceram

O novo estilo de “falar para se aparecer”, “gritar palavras de ordens sem pensar nas consequências”, tem inspirado negativamente muitos executivos brasileiros.

Os intelectuais que trabalham em parceria com o mercado estão preocupados com a recente ascensão mundial de empresários na política que, desprovidos de consciência crítica, falam besteira e disseminam preconceitos. Esse novo estilo de “falar para se aparecer”, “gritar palavras de ordens sem pensar nas consequências”, tem inspirado negativamente muitos executivos brasileiros.

No top of mind está o presidente estadunidense Donald Trump, o empresário magnata que utilizou seu prestigio no mercado para entrar na política. Ficamos impressionados ao constatar que sua expertise para os negócios não o levou ao caminho da sabedoria, da tolerância, do respeito ao próximo e das virtudes que formam um caráter ético. Tornar-se “bem-sucedido” não significa ter todas as respostas, poder se intrometer em áreas alheias, ou na vida dos outros.

A propaganda se tornou a melhor ferramenta de Trump para manipular as massas. Conhecimento este elaborado e organizado pelo ministro nazista Paul Joseph Goebbels e utilizado em larga escala para vender produtos ou ditadores. Discursos cheios de ódio, de falsa superioridade moral, de perseguição a minorias e imigrantes e a crença em um senso distorcido de meritocracia sempre funcionou durante crises sociais. Cria-se bodes expiatórios para lavar os pecados e fracassos de seus seguidores.

Aqui no Brasil também somos assombrados por esses fantasmas. A moda é o novo prefeito de São Paulo. O empresário que se intitula como “bem-sucedido” e se utiliza da demagogia e do discurso de ódio para se promover. Seus constantes ataques aos grafiteiros, aos professores, aos políticos de esquerda e aos grevistas são contraditórios com a história de sua família – seu pai era um político de esquerda, ativista, comedido, e se tornou o publicitário mais brilhantes do Brasil justamente por romper com os paradigmas conservadores que seu filho defende.

O resultado a médio prazo dessa nova onda de empresários que falam sem pensar, que se guiam pelos preconceitos ao invés da razão, é o aumento da descrença e da raiva contra os agentes de mercado.

Gostaria de terminar essa coluna recomendando o livro de Susan Cain, O Poder dos Quietos, publicado pela Hapercollins. O apreço pela obra está diretamente relacionado com a minha experiência com importantes executivos. Todos eles ouviam mais do que falavam, estudavam mais do que ensinavam e questionavam mais do que afirmavam. Nenhum deles criava polêmicas desnecessárias e sempre apreciavam.

Arthur Meucci possui bacharelado, licenciatura e mestrado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, Doutorado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie, com especialização em Diálogos entre Filosofia, Cinema e Humanidades pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e formação em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Ciência e Psicanálise. Trabalhou por dez anos com ensino e consultoria na empresa Espaço Ética e escreveu em coautoria livros best-sellers como A vida que vale a pena ser vivida (Ed. Vozes), O Executivo e o Martelo (Ed. HSM) e a coleção Miniensaios de Filosofia (Vozes). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Viçosa.
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