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Está complicado? Coloca amor que resolve!

Se somente por hoje, e somente para uma pessoa você pudesse ser acolhedor, amoroso, atencioso e ainda por cima confortasse esta pessoa em suas dúvidas e angustias, somente por hoje, você seria Deus para esta pessoa?

Olá!

Não, eu não fiquei louco e nem você está lendo a coluna errada. Esta não é uma coluna exotérica do tipo “abraça árvore” e vamos ser felizes. Sei muito bem como a vida funciona e como diz a minha filha Bárbara, a vida é um jogo que não se joga no modo easy.

Mas, esta semana ocorreu um fato que me chamou muito a atenção e, como sempre, eu gosto de coletar fatos do meu cotidiano e compartilhar com vocês, meus queridos leitores. O oficio do escritor é um ato de amor intransitivo, desmedido e incondicional. Amo vocês e pronto. Meus textos são feitos para compartilhar momentos legais que podem gerar alguma centelha em seus pequenos corações e, quem sabe, a partir daí começar algo de bom para vocês e para outras pessoas.

Bem, voltando ao fato gerador de hoje, faz cinco anos que aceitei um convite bem interessante vindo de uma amiga de muitas vidas chamada Cleide. Cleide é destas pessoas queridas, de riso fácil e jeito simples, impossível não se sentir à vontade na presença dela. Gente de verdade, destas que “passa um café fresquinho” quando chegamos em sua casa. Sabe como é? Bem, esta é a Cleide. Bem, ela é professora em uma entidade chamada Projov que atua aqui na região onde moro, no Oeste da grande São Paulo. Esta entidade, mantida pelos Rotarianos, apoia jovens de baixa renda preparando-os para o mercado de trabalho através dos programas de jovem aprendiz.

Como falo bem sobre carreira e sucesso, ela me pediu uma vez para falar sobre carreira com estes jovens e foi uma experiência muito boa, pois em outra vida e em outro século, eu também fui um destes jovens carentes e é legal poder retribuir o que um dia fizeram por mim também. Assim, assumi o compromisso de duas vezes ao ano, perto da formatura desta turminha, fazer uma palestra para cerca de 450 deles em um grande auditório aqui na cidade. Uma festa. Eles adoram e eu também. De verdade nos divertimos muito e sempre sobra algum aprendizado de lado a lado.

Este trabalho já acontece há seis anos e na última segunda feira estive lá com estes jovens. Sempre faço perguntas filosóficas em meio às provocações que arrancam gargalhadas pois o humor ainda é a melhor forma de fixação da mensagem. Uma das perguntas que faço é se eles concordam que, se realmente quiserem ser algo, eles podem ser o que quiserem.

Normalmente a maioria concorda que sim, mas fico torcendo pelo não, para que eu possa desenvolver o tema e falar sobre competência, vontade, foco e toda a motivação que um bom palestrante deve falar. Sempre dá certo. Desta vez não foi diferente. A maioria concordou, mas um rapaz de moletom branco, bem de frente comigo, cerca de dez filas acima da linha do palco, foi categórico:

– Eu não concordo!

Como a voz dele se sobressaiu aos demais, eu pensei comigo: Perfeito!

– Diga meu jovem, por que você não concorda?

– Você não pode ser Deus!

Uau. Que resposta certeira aquele garoto de não mais de quinze anos havia me laçado em meio a mais de quatrocentos dos seus colegas.

Esperei a turma acalmar do alvoroço causado pela resposta e progredi com ele na resposta.

– Vamos prensar juntos: Deus é acolhimento? Deus é amor? Deus é atenção? Deus conforta?

A todas as perguntas ele respondia sim, sem saber exatamente onde isso ia dar. Então, conclui com a provocação:

– Então vamos pensar da seguinte maneira: Se somente por hoje, e somente para uma pessoa você pudesse ser acolhedor, amoroso, atencioso e ainda por cima confortasse esta pessoa em suas dúvidas e angustias, somente por hoje, você seria Deus para esta pessoa?

Ele abriu um sorriso largo de poucos dentes, fez um sinal de positivo e agradeceu em silêncio a resposta.

A turma aplaudiu e fomos em frente. Quando a palestra acabou, ele veio me procurar e perguntou se minha resposta já estava pronta. Eu disse que não e perguntei se a pergunta estava. Ele disse que sim e que buscava esta resposta. Agora não mais. Nos abraçamos e acredito que não nos veremos mais por algum tempo.

Deste encontro, fiquei com a percepção de que quando temos algo difícil pela frente como uma pergunta que quer calar, uma situação que não quer se resolver ou mesmo um processo que não desemperra, se ao invés de agir instintivamente parássemos um minuto e colocássemos amor?

Amor, assim como Deus, é atenção, cuidado, dedicação, foco, doação, incondicionalidade e outros atributos. Será que não seríamos capazes de resolver? Não estou falando do amor piegas nem de romance, mas sim, dos componentes do amor que certamente todos conhecemos bem.

No fundo, esta é a resposta.

Uma dica para quem quiser conhecer mais. No filme The Ender´s Game (um clássico moderno) em dado momento o protagonista chega à conclusão que para derrotar seu inimigo é necessário conhecê-lo profundamente, entender seus motivos, compreender suas dores e colocar-se no seu lugar. Portanto, para derrotá-lo é preciso amá-lo.

Coloque amor na solução dos seus problemas, tudo ficará bem mais simples.

Pense nisso!

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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