fbpx

Cuidado com seus desejos, eles podem se realizar!

Há milhares de incoerências que podem atrapalhar a visão de uma pessoa ao expressar os objetivos desejados. Do ponto A ao ponto B passa-se necessariamente pela compreensão do caminho e dos obstáculos na jornada.

Olá,

Curioso é este nosso ofício de Coach. Estudamos, testamos, fomos cobaias, tivemos muitas certezas que com o tempo se tornaram duvidas e voltaram a transformar-se em certezas com muito carinho e trato a cada pessoa que bate à nossa porta. Uma das coisas que pude aprender nesta década dedicada a este ofício é que nem sempre devemos levar de maneira simples nosso Coachee do ponto A ao ponto B.

Sei que o código de conduta define claramente que não se podem julgar atitudes, fatos e momentos do cliente, mas acredito com todos os elementos do meu modelo de crenças que temos a obrigação de promover um julgamento prévio a respeito das intenções de nosso cliente quando ele afirma seus objetivos.

Existem milhares de incoerências que podem atrapalhar a visão de uma pessoa quando ela expressa suas necessidades básicas comunicando ao profissional de Coaching os objetivos que deseja alcançar. Vamos partir do ponto mais comumente encontrado nas sessões de Coaching: Nosso cliente deseja ser feliz.

Sabemos, como estudiosos do tema, que a felicidade não é um lugar para onde vamos. Ela é na verdade um caminho a ser percorrido enquanto é pavimentado por encontros únicos com momentos felizes. Na definição mais simples e bela que ouvi nestes anos, um momento feliz é um momento que não queremos que acabe. Não queremos que um momento acabe, pois aquilo que queremos é igual a aquilo que percebemos em nosso entorno. Esta igualdade atente às nossas expectativas. Uma expectativa atendida é igual à satisfação.

Concluindo, um momento feliz é um momento em que estamos satisfeitos.

Agora, voltando uns passos e pensando nos anseios e expectativas de nossos clientes, vemos que de maneira geral, quando buscam um trabalho de Coaching estes clientes estão vivenciando um momento de insatisfação. Pense quantos clientes você já teve que disseram:

“Está tudo muito bem, mas pode ficar melhor e por isso preciso de Coaching.”

Eu diria sem medo de errar que foram poucos ou quiçá nenhum. Nossos clientes procuram nossas habilidades quando não conseguem atingir determinado objetivo diante dos obstáculos que a vida oferece e de maneira geral estes obstáculos atingem os desejos básicos da pessoa.

  • Existir;
  • Pertencer;
  • Ser reconhecido;
  • Ser ouvido;
  • Ser admirado;
  • Ser amado.

É neste ponto que uma das técnicas mais importantes do Coaching precisa ser precisamente utilizada: Fazer perguntas.

Devemos colocar perguntas que questionem os objetivos do nosso cliente e façam com que ele reflita sobre o que deseja e quais os impactos que isto trará para sua vida e para todos os membros de seu ecossistema social.

Existir por exemplo é um desejo natural de todo o ser humano. Nenhum de nós gosta de ser ignorado por nossos semelhantes. Contudo, para existir é preciso que tenhamos uma identidade, uma unicidade e uma forma de ser percebido no ecossistema social. Pergunte ao seu cliente o que ele tem feito para construir sua imagem como indivíduo. Coloque-o no papel de protagonista e indague como ele contribuiu para a situação atual.

Pertencimento, fazer parte de um grupo. Recebo dezenas de pessoas em meu consultório dizendo-se excluídos de seu ambiente de trabalho, por não se enquadrarem nos padrões, ou ainda, por perseguição dos outros que com ele trabalham e colaboram. Nestes casos faço três perguntas simples:

  • Você conhece as regras sociais e de comportamento do seu ambiente profissional?
  • Você concorda em comportar-se de acordo com estas regras?
  • O que de fato você tem feito que corrobore com estas regras?

Invariavelmente recebo não para duas os três destas perguntas.

Os exemplos são muitos e nosso artigo viraria um tratado sobre comportamento. Quero encerrar nossa reflexão com o pensamento que no mercado de Coaching, a maioria esmagadora de pessoas que entrará pela sua porta está disposta a pagar para ouvir que são pessoas perfeitas, que o seu jeito de fazer as coisas é o jeito certo e acima de tudo, que elas não precisam de nenhum recurso que já não tenham.

Cuidado!

A mudança do ponto A para o ponto B passa necessariamente pela compreensão do caminho e dos obstáculos que dificultaram esta jornada. Se compreendermos que a percepção de valor cabe ao observador, ou seja, as pessoas em volta reagirão às nossas ações, muitos destes obstáculos estão no fundo de nossas almas.

Você quer existir?Desenvolva sua identidade
Você quer pertencer?Ajuste seu comportamento às regras sociais
Você quer ser reconhecido?Gere valor para a outra pessoa
Você quer ser ouvido?Diga coisas relevantes
Você quer ser admirado?Atinja resultados acima dos demais
Você quer ser amado?Ame incondicionalmente

Tudo muito simples, claro, mas não tão simples de aceitar.

Quando seu cliente declarar um desejo, olhe no fundo dos olhos dele e pergunte: Você tem certeza disto? Se a resposta for sim, bote o sujeito para trabalhar. As mudanças sempre começam de dentro para fora.

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa