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Como motivar alguém que você não gosta?

Qual a chance de uma pessoa sempre trabalhar com alguém com quem compartilha amizade e bom relacionamento? Pequena, não é mesmo? Isso para não afirmar que a probabilidade é quase nenhuma.

Qual a chance de uma pessoa sempre trabalhar com alguém com quem compartilha amizade e bom relacionamento? Pequena, não é mesmo? Isso para eu não parecer totalitário e afirmar que a probabilidade é quase nenhuma. E qual a chance de um Coach ser chamado para um trabalho em que o cliente tenha como problema crítico o convívio com o líder ou o gerente, sentindo-se desmotivado? E se invertermos a questão e olharmos o problema pela ótica de um gerente que quer motivar um funcionário com quem não tem muita afinidade, algo muito comum em grandes empresas?

Pois bem, partindo dessa realidade muito conhecida no universo das empresas e também do Coaching, decidi escrever este artigo para o Espaço do Coach, inspirado no trabalho de Liane Davey, vice-presidente da empresa Knightsbridge Human Capital (www.knightsbridge.com/). Ele foi publicado há uma semana na edição online da Harvard Business Review. Ela é autora do livro Inspire Your Team to Grow Up, Get Along, and Get Stuff Done e co-autora de Leadership Solutions: The Pathway to Bridge the Leadership Gap. Para Liane, o segredo de uma convivência difícil está em aprender a vivenciar o relacionamento com carinho, ainda que existam sentimentos negativos, pois tanto líder como liderado dependem sempre um do outro para o sucesso dos projetos.

Mas como se pode fazer isso? A orientação dada por Liane é de que, mesmo antes de tentar motivar uma pessoa que você não gosta, tente entender melhor os seus próprios sentimentos e suposições. Se o pensamento “Ele me atormenta” ou “Ela me deixa louca” já incomoda, você precisa reconhecer que a raiva, a frustração ou a desconfiança são reações suas e que ninguém pode ter a autoridade de fazer você sentir sem seu consentimento. Seja curioso sobre o porquê de você reagir dessa maneira para conseguir chegar à raiz do problema, e use uma das seguintes estratégias:

Se você tem um desconforto na relação com a outra pessoa com quem tem que trabalhar e motivar, procure aumentar o tempo em que trabalham juntos.  Isso parece ser contraintuitivo, mas ao se sentir estranho em relação a alguém os seus olhos contarão a história ao outro. Imagine como pode ser desmoralizante para uma pessoa cujo colega nem sequer olha nos olhos ou cumprimenta com vigor. Conviver mais vai fazer você se acostumar com as peculiaridades do outro e, com isso, entenderá melhor seus valores e as suas fontes de motivação. Estar aberto a conhecer o outro e ser mais conhecido criará um elo forte entre os dois.

Outra estratégia, não excludente com as demais, é que se lhe incomoda no outro ser “um chato”, tente focar no que a pessoa tem de positivo. Se você só ficar pensando em como vai mudar o outro isso será frustrante para ambos, e não dará certo. Em vez disso, redirecione sua atenção para o que você gosta e respeita nessa pessoa. Pense em uma característica, hábito ou competência que impressiona os outros, mesmo sendo uma força pessoal às vezes aplicada em excesso. Preste mais atenção para as contribuições positivas que são possíveis de incentivar. O outro ficará motivado ao saber como a equipe está contando com seus pontos fortes para ser bem sucedido.

E se você acha que o outro age de forma desrespeitosa, tente chegar à raiz desse comportamento. Se a fonte da antipatia por alguém é seu mau comportamento (segundo o seu entendimento), você não vai ser capaz de motivar a pessoa a menos que consiga construir alguma empatia. O comportamento visto como ruim pode significar uma necessidade do outro por autoproteção, desde que esse comportamento não esteja vinculado a práticas ilegais ou preconceituosas. Tente entender porque e do que o outro está tentando se proteger. Será que tem frágil autoestima? Há clara preocupação com algum problema ou dificuldade? Ao descobrir o que está escondido pelo mau comportamento (na sua perspectiva), você terá a ideia melhor de como motivar o bom comportamento, para então chegar à motivação.

Independentemente da fonte de sua antipatia pelo outro, motivar alguém para um trabalho ou processo será muito difícil até que você possa melhorar essa conexão. Tente ser sutil sobre isso, ao sinalizar que está aberto a um relacionamento mais transparente, procurando aproximar ambos em mais atividades, tendo-a como exemplo positivo quando estiver em reunião com colegas, ou apenas usando o contato visual e a linguagem corporal para mostrar essa proximidade.

Uma pessoa realmente não precisa ser amiga de todos os seus colegas, superiores e subordinados. Mas se um relacionamento azedo está afetando a capacidade de motivação, o risco é que o trabalho terá falhas e todos serão prejudicados. Mesmo se você acabar nunca se tornando um grande amigo, esse esforço permitirá que o relacionamento se mostre forte o suficiente para manter a motivação em alta. Porque não tentar esse caminho para uma vida melhor e mais confortável no trabalho, mesmo que o tema de seu momento seja diferente de motivação?

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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