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A Autoajuda e a morte de Sócrates: vá buscar a felicidade no seu canto

O conceito de felicidade é complexo e subjetivo, portanto algo que se apresente de modo rápido e fácil para resolver a questão deveria ser descartado imediatamente!

A minha geração é a mais infeliz, de acordo com vários artigos científicos baseados em vendas de antidepressivos e ansiolíticos. Essa informação baseou-se na tristeza traduzida em números farmacêuticos, imagine a quantidade de indivíduos, por pobreza ou arrogância não conseguem fazer o uso de medicamentos ou terapias. Porém o deus do mercado, utilizando a padronização necessária da mercadoria, começa a vender fórmulas, frases feitas e doze passos para a felicidade, para manter o seu casamento, para ter sucesso profissional e etc, etc e etc, com a promessa que ser feliz é fácil e rápido.

Perceba que, por si só, o conceito de felicidade é complexo e subjetivo, portanto algo que se apresente de modo rápido e fácil para resolver essa questão deveria ser descartado imediatamente, mas não é o que ocorre. Tudo aquilo que é complexo necessita de vários tipos de conhecimentos para se esclarecer. Para produzir conhecimento é necessário método e reflexão, nascendo então a ciência. Perceba como a autoajuda não é cientifica pois ignora propositalmente a complexidade sobre o tema da felicidade. A ciência que mais nos ajuda a refletir sobre o tema felicidade, na minha opinião, é a filosofia. Mas a autoajuda cala Sócrates, o pai da filosofia ocidental. Este diz para conhecermos a nós mesmos, aquela o ataca com o punhal do lucro, advindo da superficialidade e do medo da infelicidade.

O Coaching, quanto mais lida com jovens, mais deve ter em mente a complexidade do ser humano com a penalidade de incentivar o reducionismo naquele jovem. Filosofia, sociologia e psicologia devem ser as ferramentas do profissional de Coaching. Eu não tenho nenhum curso em nenhuma dessas áreas. O que tenho para oferecer aqui são as provocações iniciais dessas ciências. São elas respectivamente: questione tudo, até o obvio, seja curioso; compreenda todo o seu comportamento levando em conta os que te cercam e os que vieram antes de você; conhece a ti mesmo.

Perceba que essas ciências usam variáveis incontroláveis para formar a fórmula da felicidade, sucesso, paz e etc… Por isso a autoajuda apenas serve a uma lógica mercantilista quando trata igualmente variáveis múltiplas. Não posso, como auxiliadora, de algum modo, do Coaching, deixar que se confundam os conceitos e objetivos de Coaching e autoajuda.

O professor Clóvis de Barros Filho tem um vídeo onde ele fala sobre autoajuda e felicidade. Nesse vídeo, uma das falas dele é de acharmos a nossa felicidade no nosso canto, ou seja, aceite e compreenda a sua complexidade enquanto ser humano e assim será capaz de dizer o que é felicidade e como alcançá-la. Creio que o Coaching é uma das ferramentas mais completas para que o indivíduo se conheça, já que parte da individualidade de cada um para trilhar o caminho daquele indivíduo específico.

Faço esse texto pois, no final de ano, sempre temos a tentação de fazermos a famosa meta de ano novo: sermos felizes no ano que virá. Disse que tal meta é uma tentação pois ao imaginarmos que conseguiremos tal objetivo em um ano ou é ingenuidade ou desespero. Como já diz a filosofia, a felicidade só vem com autoconhecimento. Se conhecer demora uma vida inteira. Por isso o meu desejo de Natal e Ano Novo para todos nós é que estejamos mais alertas com nós mesmos para nos conhecer e que aceitemos sem medo a complexidade do nosso ser.

Feliz Natal e um prospero Ano Novo para todos nós!

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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